MONOGRAFIA "INCLUSÃO DO ALUNO COM SÍNDROME DE DOWN NO ENSINO REGULAR "

ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL DO CONE SUL - ACESSC
FACULDADE DE EDUCAÇÃO DE NOVA ANDRADINA – MS – FENA

JULIANA ALVES DE SOUZA

INCLUSÃO DO ALUNO COM SÍNDROME DE DOWN NO ENSINO REGULAR

Nova Andradina - MS
2008

JULIANA ALVES DE SOUZA

INCLUSÃO DO ALUNO COM SÍNDROME DE DOWN NO ENSINO REGULAR






Trabalho monográfico apresentado
ao curso de Pedagogiada Faculdade
de Educaçãode Nova Andradina –
FENA, como requisito final
à obtenção de título em Pedagogo.

Orientadora: Profª. Suzana Maria Blasque Mateus


Nova Andradina - MS
2008

JULIANA ALVES DE SOUZA

INCLUSÃO DO ALUNO COM SÍNDROME DE DOWN NO ENSINO COMUM


Trabalho monográfico apresentado
ao curso de Pedagogia da Faculdade
de Educação de Nova Andradina –
FENA, como requisito final à obtenção
de título de licenciatura em Pedagogia.


COMISSÃO EXAMINADORA


______________________________________
Profª. Espec. Suzana Maria Blasque Mateus
(Orientadora)


______________________________________
Profª. Espec. Enilze de Souza Breguedo
(Convidada)



______________________________________
Profª. Espec. Adelaide Eduardo Barros da Silva
Convidada)





Nova Andradina, 12 de Novembro de 2008.

DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia à minha família, em especial ao meu filho João Victor, que durante estes 3 anos soube compreender tanto a minha ausência como a minha falta de tempo.
Ao meu querido Carlos, que me incentivou muito, praticamente me obrigou a prosseguir, e não desistir de atingir meus objetivos.
IN MEMORIAN, ao meu querido e adorado irmão Geraldo Aparecido, que hoje, não está mais presente fisicamente, porém permanecerá eternamente em meu coração, você que foi meu grande companheiro de longas e difíceis caminhadas, porém sempre fiel a mim.
Dedico a mim mesma, por ter sido forte, quando tantos me achavam fraca, por ter sido capaz, quando tantos me consideravam incapaz.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que me concedeu forças nos momentos difíceis, dos quais por diversas vezes tive vontade de desistir.
Aos meus pais Geraldo e Margarida, a minha irmã Elaine, minha sobrinha Evelyn Caroline ao meu querido e amado filho João Victor, pois me acompanharam durante estes 3 anos de faculdade, de luta, de tropeços, de decepções, mas de muitas alegrias também. A vocês meu muito obrigado por me incentivarem e me apoiarem
Ao meu querido e amado Carlos, que todos os dias me incentivou, não me deixou desistir, nem desanimar frente aos obstáculos, às criticas destrutivas e aos tropeções que por diversas vezes encontrei pelo caminho. A você que sempre me proporcionou todo apoio que eu precisava, e acima de tudo acreditou no meu potencial, e principalmente nesta monografia a qual você conhece tão bem quanto eu. Obrigada.
À minha amiga Ana Paula, que esteve sempre ao meu lado, trocando idéias, dúvidas e experiências, sempre me apoiando e incentivando.
Às minhas amigas Angelita e Aline, que também compartilharam deste desejo, de concluir esta monografia, elas que sempre tiveram tempo para me ouvir, falar da mesma durante os intervalos. E também à Fabiane e à Maria de Lourdes as quais me ensinaram o verdadeiro valor e sentido da amizade e dos amigos.
Às pessoas que acreditaram neste trabalho, e me deram incentivo e forças para concluí-la, agradeço também àquelas que duvidaram, e não acreditaram, pois estas me proporcionaram mais força de vontade e garra para seguir em frente e melhorar cada dia mais.
À minha orientadora profª. Suzana, pela competência ao esclarecer minhas dúvidas, pelos seus ensinamentos e as informações que me foram passadas, e por ter acreditado em mim.
À profª. orientadora de T.C.C. (Trabalho de Conclusão de Curso) Enilze pelas inúmeras vezes que se dispôs a me orientar, pela paciência que teve comigo e por tudo que me ensinou.
À profª. Adelaide por acreditar em meu trabalho, sempre me ajudar, apoiar e por ter me dado forças para prosseguir.

Renda-se como eu me rendi,
mergulhe no que você não
conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender,
viver ultrapassa qualquer
entendimento.
(Clarice Lispector)

SOUZA, Juliana Alves de. A Inclusão do Aluno com Síndrome de Down no Ensino Regular. Nova Andradina – MS. 2008. Monografia (graduação em Pedagogia). Faculdade de Educação de Nova Andradina – FENA.

RESUMO

A Síndrome de Down é uma alteração genética caracterizada pela existência de um cromossomo adicional no par 21, é hoje uma das síndromes mais conhecidas e divulgadas. Mesmo com tantas informações ainda há quem desconheça a S.D ., quanto ao conhecimento e a aceitação, a sociedade encontra-se dividida em dois grupos: os que conhecem, aceitam e procuram melhorar a vida das pessoas com esta Síndrome, tratando-as de forma natural visando somente a pessoa e na a Síndrome; o outro grupo diz respeito às pessoas que não conhecem, não aceitam e não buscam conhecimentos e informações a respeito. Devido à Constituição Federal assegurar a todos os cidadãos, sem distinção de raça, credo e cor, o direito à educação, inclusive às pessoas com deficiências, neste caso, tratado neste trabalho a SD, percebe-se o quanto tem se incluído no ensino Regular um grande número de alunos Downs. Mesmo assim, não significa que todos recebam a educação e o atendimento adequados às suas necessidades, ou que sejam bem recebidos nas instituições de ensino. Isto talvez ocorra pelo despreparo dos profissionais da educação, ou mesmo da estrutura física dos estabelecimentos de ensino sem as devidas acessibilidades e inclusive a falta uma equipe multidisciplinar (Psicólogos, Terapeuta Ocupacional, Psiquiatra, Fisioterapeuta, Fonoaudiólogos, e Psicopedagogos), que acompanhem esse aluno com S.D., e oriente os profissionais da educação. É de suma importância que as pessoas com a síndrome sejam incluídas não por uma garantia legal, mas por questão de responsabilidade à pessoa humana que, dentro de suas possibilidades são capazes de demonstrar afeto, aprender e interagir com a as demais pessoas. Faz-se necessário promover o conhecimento às famílias, aos profissionais da educação e a sociedade como num todo do que é realmente S.D., como lidar com ela, e acabar com os tabus e preconceitos em relação às pessoas com S.D., como seres incapazes e improdutíveis.
Palavras-Chave: Síndrome de Down Inclusão, Educação.

SOUZA, Juliana Alves de. Inclusion of Student With Down Syndrome in Regular Schools. Nova Andradina – MS. 2008. Monograph (graduation in Pedagogy). Faculty of Education Nova Andradina – FENA.

ABSTRACT

The Down syndrome is a genetic alteration characterized by the existence of an extra chromosome in pair 21, is today one of the best known syndromes and disseminated. Even with many details yet there are those who know the DS., On the knowledge and acceptance, the company is divided into two groups: those who know, accept and seek to improve the lives of people with this syndrome, treating them in a natural way targeting only the person and the syndrome, the other group is about people who do not know, do not accept and not seek knowledge and information about it. Because of the Federal Constitution to ensure all citizens, without distinction of race, creed and color, the right to education, including disabled people, in this case, the SD treated in this work, we find how much has been included in regular education a large number of students Downs. Still, does not mean that everyone receive education and care appropriate to their needs, or are well received in educational institutions. This may occur by lack of education professionals, or even the physical structure of schools without proper access and even lack a multidisciplinary team (psychologists, occupational therapist, psychiatrist, physiotherapist, Audiologists, and Psicopedagogia), which accompany this student with SD, and guide the professional education. It is extremely important that people with the syndrome are not included in a legal guarantee, but a question of responsibility for human person who, within their possibilities are capable of showing affection, learn and interact with other people. It is necessary to promote knowledge to families, professionals in education and society as a whole than it really is SD, how to deal with it, and stop the taboos and prejudices regarding people with SD, as being incapable and unproductive.
Word-key: Down Syndrome Inclusion, Education.

LISTA DE SIGLAS
APAE – Associação de Pais e Amigos do Excepcional
E.E. – Escola Estadual
DI – Deficiência Intelectual
E.J.A – Educação para Jovens e Adultos
NUESP – Núcleo de Educação Especial
MS – Mato Grosso do Sul
P.P.P. – Proposta Política Pedagógica
S.D. – Síndrome de Down
S.P. – São Paulo


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 14
1 DELINEAMENTO DA PESQUISA 15
1.1 Justificativa 15
1.2 Objetivos 16
1.2.1 Objetivo Geral 16
1.2.2 Objetivo Específico 16
1.3 Metodologia 16
1.4 Questão Norteadora 16
1.5 Delimitação do Tema 17
2 BREVE HISTÓRICO E CONCEITO DA SINDROME DE DOWN 18
2.1 Diagnóstico 21
2.2 Cariótipo 22
2.3 Os Dez Cardinais da Síndrome de Down 23
2.4 As Doenças Associadas com Maior Freqüência à Síndrome de Down 24
2.5 As Incidências 26
2.6 Como Dar a Notícia 26
3 A FAMÍLIA E A CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN 29
3.1 A Convivência com a Criança com Síndrome de Down 30
3.2 Estimulação Precoce da Criança com Síndrome de Down 32
4 A SEXUALIDADE DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN 34
5 O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E A APRENDIZAGEM DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN 37
5.1 A Importância do Brincar no Desenvolvimento da Criança com Síndrome de Down 39
5.2 A Linguagem como um meio Facilitador da Aprendizagem 41
6 INCLUSÃO E INTEGRAÇÃO 44
6.1 Um Paralelo entre a Educação do Ensino Regular Comum e a Educação do Ensino Regular Especial 45
6.2 Educação formal e Informal da Criança com Síndrome de Down 48
7 A Inclusão da Criança com Síndrome de Down no Âmbito escolar 50
8 ANÁLISE DOS RESULTADOS 55
8.1 Análise do Estudo Realizado na Escola Municipal “Sonho de Criança” 56
8.1.1Análise da entrevista com a direção escolar 56
8.1.2 Análise da entrevista com a professora regente da sala de ensino comum 57
8.1.3 Análise da entrevista com a professora de educação física 59
8.2 Análise do Estudo Realizado na Escola Estadual “Mundo Encantado” 59
8.2.1Análise da entrevista com a direção escolar 59
8.2.2 Análise da entrevista com a professora regente da sala especial do ensino comum 60
8.2.3 Análise da entrevista com a professora de educação física 61
8.3 Análise do Estudo Realizado na Escola Estadual “Algodão Doce” 61
8.3.1Análise da entrevista com a direção escolar 61
8.3.2 Análise da entrevista com a professora regente da sala de ensino comum 62
8.3.3 Análise da entrevista com a professora de educação física 64
8.4 Análise do Estudo Realizado na Escola Estadual “Pequeno Príncipe” 65
8.4.1Análise da entrevista com a direção escolar 65
8.4.2 Análise da entrevista com a professora regente da sala especial do ensino comum 65
8.4.3 Análise da entrevista com a professora de educação física 67
8.5 Análise da Entrevista Realizada com a Mãe da Aluna 67
8.6 Análise da Entrevista Realizada com a Mãe do Aluno 68
8.7 Análise da Entrevista Realizada com a Mãe do Aluno 69
8.8 Análise da Entrevista Realizada com a Mãe do aluno 70
8.9 Análise da Entrevista Realizada com a mãe do aluno 71
8.10 Análise das Observações Realizadas 72
CONSIDERAÇÕES FINAIS 74
REFERÊNCIAS 76
ANEXOS 78

INTRODUÇÃO
O presente estudo monográfico tem como objetivo apresentar o resultado da pesquisa bibliográfica e de campo que mostra como seda o processo de inclusão do aluno com Síndrome de Down, no ensino regular.
O qual foi dividido em 7 capítulos mais Análise dos Resultados, onde o primeiro capitulo está direcionado ao delineamento da pesquisa onde é justificado o porquê desta e quais os objetivos a serem atingidos, e a metodologia pela qual a mesma foi realizada.
O segundo capitulo é composto do histórico da Síndrome de Down, da parte cientifica e médica, vista a necessidade de conhecer mais e profundamente a síndrome.
Enquanto que o terceiro trata da criança com S.D. e o convívio familiar e social, e a importância da estimulação precoce dessas crianças. Já o quarto capítulo concentra-se na sexualidade da pessoa com S.D.
O quinto apresenta o desenvolvimento cognitivo e aprendizagem das mesmas, aponta também a importância do brincar no desenvolvimento dessas crianças, bem como o desenvolvimento da linguagem para que seja um meio facilitador da aprendizagem.
O sexto capítulo mostra o paralelo entre a educação do ensino regular comum e o ensino regular especial, enfoca também a educação formal e a informal das pessoas com S.D.. O sétimo capítulo traz a inclusão do aluno com S.D. no ensino regular comum.
Para finalizar o estudo, foi feita a análise dos resultados que mostra os dados coletados no decorrer da execução desta pesquisa, onde foi realizado entrevistas com a direção escolar, os professores e as mães dos alunos com S.D. incluídos.

1 DELINEAMENTO DA PESQUISA
1.1 Justificativa
Sendo a inclusão uma obrigatoriedade no setor educacional, e por emergir em diversas discussões da área educacional foi que este tema surgiu, com o intuito de investigar como está sendo o processo de inclusão dos alunos com Síndrome de Down nas escolas de Ensino Regular Comum, outrora os mesmos viviam em total e completo abandono. Eram excluídos nas salas de aulas tanto pelos professores, por não terem formação e capacitação adequadas, como pelos alunos que também não estavam preparados para lidar com a nova situação.
No entanto, ao se falar em inclusão, é preciso explicitar que não se trata de modismo, e nem de mais uma nova tendência educacional, mas sim de um processo essencial à vida humana em sociedade.
A palavra inclusão recebe dois significados distintos na educação: um, quando possibilitamos às pessoas com deficiência iguais oportunidades de aprendizado, e outro quando se pensa no conceito de educação inclusiva, esta não é apenas a simples inserção da criança dentro da sala de aula, e sim a criação de uma escola em que as pessoas com ou sem deficiências possam conviver e estudar, aprendendo a lidar com a diversidade.
Ou seja, inclusão escolar é a inserção de alunos com deficiências em uma escola que reconhece e valoriza a heterogeneidade dos mesmos, procurando desenvolver as suas diferentes potencialidades por meio de uma prática de ensino flexível e que busca o que há de melhor em cada um, suas aptidões, habilidades, e os seus potenciais sem propostas de ensino apartado.
Na inclusão, é a escola que se modifica e passa a se adaptar às necessidades de cada aluno, com deficiência ou não. Incluir requer pensar sempre em novas estratégias, novos métodos, este é um processo dinâmico, no qual acontecem erros e acertos, e não há uma fórmula engessada, nem receitas milagrosas que a escola possa usar, e esta escola inclusiva não manda embora os alunos que não se adapta a ela.
Contudo, não se deve confundir inclusão com a proposta de integração, que nada mais é do que o direito de freqüentar a escola de Ensino Regular comum, quando apto para isso, onde a pessoa com deficiência é que se adapta à escola.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral
Compreender como se dá a inclusão dos alunos com Síndrome de Down no Ensino Regular Comum, bem como a sua aceitação ou não pelo grupo ao qual está inserido.

1.2.2 Objetivos específicos
 Verificar se o professor encontra-se preparado tanto emocionalmente, como embasado em subsídios teóricos e práticos para receber esta clientela.
 Verificar se as escolas possuem estruturas físicas organizadas de acordo com o exigido por lei.
 Apontar o potencial de aprendizagem do aluno, e não evidenciar suas limitações.
 Avaliar a socialização e interação do aluno com Síndrome de Down na comunidade escolar.

1.3 Metodologia
A pesquisa foi realizada através de embasamento teórico: pesquisa documental e bibliográfica, bem como observação em salas de aulas e trabalho de campo.
Foram realizadas entrevistas com os diretores, os professores e as mães dos alunos com Síndrome de Down, sobre a permanência dos mesmos nas escolas de ensino regular comum.

1.4 Questão Norteadora
Inclusão ou Exclusão do aluno Com Síndrome de Down no Ensino Comum Regular.

1.5 Delimitação do Tema
Foi realizada na Escola Municipal “Sonho de Criança”, Escola Estadual “Mundo Encantado”, ambas localizadas no município de Nova Andradina – MS. E na Escola Estadual “Algodão Doce”, e na Escola Estadual “Pequeno Príncipe”, estas na cidade de Batayporã – MS.


2 BREVE HISTÓRICO E CONCEITO DA SINDROME DE DOWN
A Síndrome de Down ocorre em todas as raças e continentes, acontece numa proporção de 1 (um) caso para cada 600 (seiscentos) nascimentos. É a mais comum e mais conhecida síndrome cromossômica já existente, e foi o primeiro distúrbio cromossômico reconhecido no homem.
De acordo com Werneck,
A história oficial da síndrome de Down no mundo começa no século XIX. Até então, os deficientes mentais eram vistos como um único grupo homogêneo. Assim eram tratados e medicados identicamente, sem se levar em consideração as causas da deficiência, que são inúmeras e podem ocorrer durante a gestação, no momento do parto e depois do nascimento. (1995, p. 58,)
Não há muitos relatos sobre os primeiros casos de Síndrome de Down visto que, outrora havia poucas revistas médicas, e o número de pesquisadores que se interessava por problemas genéticos e deficiência mental era muito pequeno. Outro fator que contribuiu para a não identificação da Síndrome foram às infecções e a desnutrição, que eram predominantes no decorrer do século XIX, vindo então camuflar assim problemas genéticos e de malformações.
Muitos pesquisadores descreveram algumas das características presentes em pessoas com Síndrome de Down, mas somente John Langdon Down fez uma descrição registrando todos os pontos cardinais da síndrome. Em suas palavras:
O cabelo não é preto, como é o cabelo de um verdadeiro mongol, mas é de cor castanha, liso e escasso. O rosto é achatado e largo. Os olhos posicionados em linha oblíqua. O nariz é pequeno. Estas crianças têm um poder considerável para a imitação. (2007, p.48, apud)
Contudo outras características podem ser notadas logo ao nascimento da criança, tais como: peso de nascimento menor se comparado à criança sem a Síndrome, os bebês costumam ser bastante sonolentos e, geralmente têm dificuldade na sucção e deglutição.
É extremamente importante ressaltar que, mesmo que a presença dos sinais descritos levante a possibilidade de diagnóstico de Síndrome de Down, é necessário que se faça um diagnóstico completo, visto que tais sinais não são específicos e cada um deles, isoladamente pode estar presente em indivíduos ditos “normais”.
Voivodic adverte:
Não devemos esquecer, em nenhum momento, das grandes diferenças existentes entre os vários indivíduos com SD no que se refere ao próprio potencial genético, características raciais, familiares e culturais, para citar apenas algumas e que serão poderosos modificadores e determinantes do comportamento a ser definido como características daquele indivíduo. (apud, Schwartzman, 1999, p.58,)
Normalmente as pessoas têm o costume de estereotipar as crianças com síndrome de Down dando-lhes características como: docilidade, amistosidade afetividade, teimosia, e inúmeras outras, porém isto não quer dizer que todas têm o mesmo comportamento e personalidade.
De acordo Milani
No início da década de 1930, alguns médicos suspeitavam que a síndrome poderia ser o resultado de um problema cromossômico. Porém, essas técnicas não eram aperfeiçoadas a ponto de comprovar a teoria. Somente quando os métodos laboratoriais se tornaram acessíveis, em 1956, permitiram que os cientistas estudassem melhor os cromossomos e descobrissem que, ao invés dos presumíveis 48 cromossomos, havia 46 em cada célula humana normal. Três anos mais tarde, Lejeune observou que as crianças com a síndrome possuíam um cromossomo a mais do que o normal, com três cromossomos 21, o que levou ao termo trissomia. [...]. (2006, p.24,)
Quanto a Síndrome de Down ela é uma alteração genética caracterizada pela existência de um cromossomo adicional no par 21, daí o porquê também é chamada de trissomia do par 21.
Normalmente, as células reprodutivas (espermatozóides e óvulos) têm 23 cromossomos cada, no momento da fecundação, em circunstancias normais, será formada uma célula com 46 cromossomos. Posteriormente, terá início o processo de divisão celular, que gerará outra com 46 cromossomos e assim por diante.
Porém, quando no momento da divisão celular, não ocorre a disjunção adequada dos cromossomos do par 21, dois cromossomos 21 ficam “grudados”, assim, as células serão uma de 47 e outra de 45 cromossomos, (onde esta última é eliminada).
Dessa forma, a divisão celular prosseguirá, produzindo mais células com 47 cromossomos, neste caso então se diz que ocorreu Trissomia do Par 21 (por não disjunção), e cerca de 95% dos casos de Síndrome de Down são deste tipo.
Enquanto que 3% dos casos de Síndrome de Down são por Trissomia de Translocação, ou seja, o número total de cromossomos nas células e de 46, mas o cromossomo 21 extra, está ligado a outro cromossomo, formando então novamente um total de três de cromossomos 21 presentes em cada célula.
Neste caso, o terceiro cromossomo 21 não é “livre”, pois está ligado ou translocado a outro cromossomo, geralmente ao cromossomo 14, 21 ou 22 é importante salientar que o cromossomo 21 extra ou parte dele pode se aderir a outros cromossomos. Na Translocação os cromossomos sofrem uma quebra na sua região central, há uma união entre os dois braços mais longos e perda dos dois braços curtos.
Nos 2% restantes ocorre a Síndrome de Down por mosaicismo, ou seja, é quando ocorre um “erro” na segunda ou terceira divisão das células, que podem gerar células normais e células trissómicas. Após o nascimento do bebê, encontram-se algumas células com 47 cromossomos e outras células com o número normal de 46 cromossomos. Representando assim um quadro em mosaico, daí o termo mosaicismo.
Diversos autores comentam que o mosaicismo possui um fenótipo, mais leve da síndrome e apresentam um desempenho intelectual melhor que, os que possuem S.D. por Trissomia 21.
Ainda não se sabe o motivo pelo quais os cromossomos não se separam corretamente, bem como o porquê das células não se dividirem adequadamente.
Seja qual for o tipo de Síndrome de Down é sempre o cromossomo 21 o responsável pelos traços específicos e função intelectual limitada, observados na maioria das crianças que tem esta Síndrome.
De acordo com Werneck,
[...]. No caso da síndrome de Down, um dos sintomas é a deficiência mental. Em razão do excesso de material genético, provocado pela anomalia cromossômica, várias reações químicas, essenciais ao bom desempenho dos sistemas do organismo, não se fazem de forma apropriada. Mas além das razões de ordem biológica, outros fatores, de ordem ambiental, podem exacerbar ou limitar a função intelectual [...]. (1995, p.60)
A limitação intelectual provocada pela S.D., pode e deve ser amenizada pela família, e esta é a responsável por todos os cuidados que a criança com a Síndrome tem ou possa vir a ter. O desenvolvimento da criança dependerá principalmente do meio em ela está inserida

2.1 Diagnóstico
Para diagnosticar a Síndrome de Down atualmente são utilizados três tipos de exames: amniocentese, amostra vilocorial e a triagem de alfa-fetoproteína.
Amniocentese é o exame onde colhe-se o líquido amniótico e este passa pelo processo de centrifugação e as células do feto se reproduzirão numa cultura. Esta técnica passou a ser utilizada em larga escala nos anos 1970, e é realizada geralmente a partir de 14 semanas até 16 semanas de gravidez, porém antes da realização deste exame faz-se a ultra-sonografia, pois esta auxilia na identificação da localização da placenta e da cavidade amniótica.
Frequentemente aplica-se anestesia local antes de inserir a agulha através da parede abdominal até o útero, sugando assim amostras do líquido amniótico. Este passa por um processo de centrifugação e as células fetais que foram obtidas passam a se reproduzirem numa cultura, podendo ser utilizadas posteriormente para a análise cromossômica.
A amostra de vilocorial tornou-se disponível somente a partir do ano de 1980, nos EUA, para a realização do mesmo, é retirada uma parte do tecido placentário que é obtido por via vaginal ou mesmo através do abdome, isso ocorre entre a oitava e a décima primeira semana de gravidez. Alguns estudos realizados revelam que este procedimento não é tão seguro quanto o da amniocentese, porém o outro pode ser realizado mais precocemente e os estudos dos cromossomos podem ser realizados imediatamente após a coleta e os resultados podem ser obtidos mais rapidamente.
No exame de ultra-sonografia, ondas sonoras são emitidas para dentro do útero, e à medida que se deparam com certas estruturas internas, como um bebê em gestação, são registradas no monitor. Alguns investigadores e ou médicos utilizam este exame para detectar a Síndrome de Down, pois através deste, eles medem a grossura da pela na região do pescoço e o cumprimento do osso da perna.
A Triagem de Alfa-fetoproteína materna só tornou-se disponível nos anos de 1980, com ele observou-se que os níveis baixos de alfa-proteína estão associados às desordens cromossômicas, especialmente no caso da Síndrome de Down.
Estudos realizados recentemente mostram que é possível identificar cerca de 60% a 80% desses casos no período de gestação. Por serem poucas as desordens genéticas que podem ser separadas durante a gestação, e até o presente momento, nenhuma terapia intra-uterina foi descoberta para as Síndrome de Down.

2.2 Cariótipo
Para comprovar a existência da Síndrome de Down, o médico deve solicitar um exame genético: o cariótipo. É por meio deste, que se permite confirmar o diagnóstico. A constatação de um cromossomo extra no par 21 provém de um “erro” na divisão do material genético no início da formação do bebê, sendo suficiente para modificar definitivamente o desenvolvimento embrionário da criança.
A forma genética da trissomia não tem valor no prognóstico, nem determina o aspecto físico mais ou menos pronunciado, nem uma maior ou menor eficiência intelectual. É importante ressaltar que, não existem graus de síndrome de Down e as diferenças de desenvolvimento decorrem das características individuais, como a herança genética, educação, meio ambiente, e outros.
O interesse em reconhecer e diferenciar o “erro” cromossômico responsável pelo nascimento do bebê é preventivo, ele permite saber se o “acidente” pode ocorrer em outra gestação ou em familiares, irmãos ou irmãs da criança com Síndrome de Down.

2.3 Os Dez Sinais Cardinais da Síndrome de Down
A aparência e o funcionamento dos indivíduos são determinados pelos genes, assim cada criança herda o gene de seus pais, e isso faz com que pareçam com eles em relação à estrutura corporal.
Porém num caso de Síndrome de Down por causa da alteração genética as crianças são parecidas umas com as outras, geralmente isto não interfere no seu funcionamento, tão pouco as tornam menos encantadoras.
Na realidade as características da Síndrome só são importantes para a realização do diagnóstico e, além disso, estas crianças são mais parecidas do que mesmo diferentes das crianças “normais” da sociedade.
O reflexo de moro hipoativo está presente em 85% das crianças com Síndrome de Down este reflexo é involuntário e normal em recém-nascidos, porém a presença deste em criança mais velha ou adulta é anormal, bem como a falta dele nos bebês, que é o caso da criança com S.D..
A hipotonia faz parte de 80% dos casos de S.D., ela é claramente percebida já na primeira infância, e é responsável pelo atraso no desenvolvimento motor da criança e os reflexos são fracos e lentos.
A face com perfil achatado ocorre em 90% dos casos, a criança apresenta um contorno achatado, isso acontece por causa do pouco desenvolvimento dos ossos faciais, o nariz é pequeno, geralmente o osso nasal é afundado.
Cerca de 80% das crianças possuem fissuras palpebrais com inclinação superior, quanto ao formato geralmente são normais, enquanto que as pálpebras são estreitas e levemente oblíquas, no contorno da íris muitas vezes apresenta pequenas marcas brancas. (Manchas de Brushfield)
O excesso de pele na nuca aparece em 80% dos bebês, o pescoço deles tem uma aparência larga e grossa e pode ser observado em ambos os lados da parte de traz do pescoço, com o tempo tornam-se menos evidente podendo desaparecer por completo.
A prega palmar única acontece em 45% dos casos de S.D. a dobra é transversal, frequentemente em uma das mãos, porém aparecer nas duas, e elas são curtas e largas.
Em média 80% das crianças apresentam hipertensão das grandes articulações, neste caso ocorre a frouxidão geral nos ligamentos, a criança apresenta “articulações soltas”. Geralmente isso não acarreta problemas mais sérios a não ser quando uma junta sai do lugar (deslocamento), muitas vezes isto exige uma medida mais séria, uma correção cirúrgica.
As anormalidades radiológicas da pélvis está presente em 70% das pessoas com Síndrome de Down elas não apresentam instabilidade atlantoaxial (refere-se ao atlas e ao áxis, a primeira e segundas vértebras cervicais), e nem a atlantoccipital (refere-se ao atlas e ao osso occipital do crânio). As crianças podem ter problemas de marcha, desconforto na região do pescoço, em alguns casos poderá ser necessário uma intervenção cirúrgica para corrigir o problema. As crianças com instabilidade atlantoaxial e atlantoccipital não devem participar de atividades esportivas, pois poderiam afetar o pescoço. A demora no reconhecimento dessas condições poderá resultar em danos irreversíveis à medula espinhal.
A hipoplasia da falange média do 5º dedo, este costuma ser pequeno e curvado para dentro (clinodactilia), o que ocorre em 60% dos casos de Síndrome de Down.
Em média 80% das crianças têm orelhas pequenas arredondadas, de implantação baixa, a borda da orelha muitas vezes é dobrada, a estrutura da orelha normalmente possui alterações, e os canais do ouvido são estreitos.

2.4 Doenças Associadas com Maior Freqüência à Síndrome de Down.
As pessoas com Síndrome de Down apresentam mais problemas médicos do que as que não possuem a Síndrome, no decorrer da vida delas são encontrados diversos tipos de doenças como, infecções, problemas odontológicos, de visão, audição, cardíacos, problemas no intestino, e muitas outras.
Em relação às infecções, as crianças na primeira infância apresentam problemas respiratórios com grande freqüência, podem ter também infecções de ouvido, já na fase da adolescência, apresentam infecções de pele, principalmente na região das nádegas e coxas. Estas pessoas são mais suscetíveis à infecções por terem uma deficiência imunológica, que faz com que elas tenham infecções repetidas inúmeras vezes.
Os problemas odontológicos começam a ficar visíveis já nos primeiros meses de vida da criança com Síndrome de Down, nelas pode-se observar um atraso na erupção dos dentes, os hábitos de bruxismo e de bricomonia (apertar os dentes), tanto em adultos como em crianças, apresentam ainda o hábito de sugar os dedos. No entanto o maior problema dental está relacionado às gengivas (doença periodental e gengivite).
Quanto aos distúrbios visuais existem relatos que 50% das crianças têm dificuldade de ver de longe e 20% de ver de perto. Há um grande número de crianças que são estrábicas que possuem inflamações das margens das pálpebras e outras em menor número, possuem movimentos rápidos do olho (nistagmo).
Em média 60 % a 80% das crianças com S.D. possuem déficits auditivos que podem ser leves ou moderados, em muitos casos deve-se ao aumento de cera no canal do ouvido, causando freqüentes infecções de ouvido.
Em relação aos problemas cardíacos, estes estão presentes em 50% dos casos, e deve ser detectado com urgência. Após o nascimento da criança com Síndrome de Down, é necessário que ela seja examinada por um cardiologista, independentemente de apresentar os sinais indicadores da cardiopatia congênita (baixo ganho peso, desenvolvimento mais lento quando comparada às outras crianças com a S.D., malformações torácicas, cansaço constante). É necessário um exame minucioso que inclui desde a ausculta dos batimentos cardíacos, a constatação da possível presença de sopro e assim por diante.
Quanto aos problemas intestinais acontecem com muita freqüência em crianças com Síndrome de Down, como por exemplo, estenose ou atresia do duodeno, imperfuração anal, podendo necessitar assim de intervenção cirúrgica.
Segundo Alves,
Por vezes, apesar do tratamento ser seguido à risca, não consegue um resultado muito evidente, uma vez que, em certas crianças, o tratamento é habilitador/reabilitador. Consegue, na melhor das hipóteses, manter o estado da criança é garantir uma melhor qualidade de vida. (Apud Schwartzman, 2003. p.134)
Muitas crianças com S.D. podem não apresentam nenhuma anormalidade e estarem em perfeito estado de saúde, contudo é importante lembrar que, é necessário um acompanhamento médico regularmente, para que possam desempenhar uma melhor qualidade de vida.

2.5 As Incidências
Os riscos de ocorrência de nascimento da criança com Síndrome de Down no caso de mães de diversas idades, que nunca tiveram filhos com esta Síndrome.
Idade da mãe ao conceber a criança Risco de nascer uma criança com SD
Menos de 35 anos 0,1%
De 35 a 39 anos 0,5%
De 40 a 44 anos 1,5%
Acima de 45 anos 3,5%
Já os riscos de ocorrência de nascimento da criança com S.D. no caso de mães de diversas idades que já tiveram filhos com a Síndrome.
Idade da mãe ao conceber a criança Risco de nascer uma criança com SD
Menos de 35 anos 1,0%
De 35 a 39 anos 1,5%
De 40 a 44 anos 2,5%
Acima de 45 anos 4,5%

2.6 Como Dar a Notícia
Normalmente cabe ao obstetra que realizou o parto ou ao pediatra do recém-nascido, falar com o casal sobre a suspeita de que a criança tem Síndrome de Down com certeza está não será uma das tarefas mais fáceis, principalmente porque esta notícia despertará muitas dúvidas e sofrimento, tanto para os pais como para os familiares.
No entanto, é de suma importância que o profissional esteja preparado para este momento. Dependendo de como for dada à informação, ao casal, esta situação fará com que se estabeleça uma relação que tanto poderá ser positiva, como negativa, e é de fundamental necessidade que se crie uma relação positiva entre os pais e o bebê, para que o desenvolvimento geral dessa criança possa acontecer.
A seguir estão algumas sugestões que têm se mostrado mais adequadas na hora de dar a notícia ao casal:
 Procurar dar a notícia ao casal, logo após terem visto o bebê, isto deve acontecer o mais precocemente possível, ainda na maternidade.
 Dar a notícia em uma ambiente calmo e tranqüilo, tento criar uma certa intimidade com o casal.
 Não permitir em hipótese alguma a presença de estranhos ou de outras pessoas.
 Usar uma linguagem adequada ao casal, considerando o seu nível de escolaridade, idade, condições sociais, certificar-se de que ambos estão entendendo o que está sendo dito.
 Examinar o bebê na frente dos pais com atenção e carinho, ir apontando as características da Síndrome de Down, que estão justificando a necessidade do exame cromossômico.
 Deixar bem claro que a confirmação da Síndrome de Down só ocorre com o resultado do cariótipo, mas que as chances de um engano a partir das características físicas são mínimas.
 Usar o termo Síndrome de Down e explicar porque não usar o termo mongolismo. Evitar o uso de outros termos como, retardo ou “debilóide”.
 Falar sobre a Síndrome de Down, porém deixar claro que o bebê precisa dos mesmos cuidados que as outras crianças “ditas normais”, e que embora o seu desenvolvimento seja mais lento, não se sabe qual será o limite desse desenvolvimento e também nunca dizer que ele não andará, ou falará.
 Informar sobre a necessidade de acompanhamentos especializados (fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, entre outras) e indicar os locais onde existam esses atendimentos em sua comunidade.
 Saber entender se os pais reagirem negativamente, responder com sinceridade às perguntas feitas, mas de um modo delicado.
 Deixar o casal um tempo sozinho após a conversa, para poder sentir suas emoções. Em caso de dúvida procura um geneticista e principalmente mostrar-se disponível para outros encontros.
 Responder a todas as perguntas dos pais, repetir se necessário, a mesma informação todas as vezes que for solicitado.
 Transmitir o resultado do diagnóstico assim que isto ocorrer.
 Explicar cada uma das características da Síndrome de Down, ressaltando os pontos positivos.
 Informar que ainda não foi descoberto tratamento medicamentoso, que possa curar a Síndrome de Down, mas que a estimulação por profissionais e o convívio social são fundamentais para o desenvolvimento da criança.
 Incentivar o casal a contar o diagnóstico e explicar aos familiares e amigos o que é a Síndrome de Down e que essa criança precisa de convívio, do carinho da família (avós, tios, primos), como qualquer outra.

3 A FAMÍLIA E A CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN
A família tem um papel importantíssimo na vida de qualquer criança, visto que a família é a base que sustenta, e que fortalece as estruturas do indivíduo.
Durante a gravidez a família idealiza um filho perfeito, imagina situações futuras como, brincar, passear, a escola, os amigos, a vida profissional, o casamento e assim por diante.
De acordo com Voivodic,
Os sentimentos gerados pela ocorrência de uma criança com deficiência oscilam entre polaridade muito fortes: amor e ódio, alegria e sofrimento; uma vez que as reações concomitantes oscilam entre aceitação e rejeição, euforia e depressão – para citar o que ocorre com mais freqüência. (apud, Amaral. 2008, p. 50)
No entanto, logo que recebem a notícia que o filho tão esperado e desejado não virá, e o que chegou em seu lugar tem S.D., esta família passa a viver conflitos e sofrimentos, sente que o mundo desmoronou, e em muitos casos desistem de viver.
Contudo é preciso ressaltar que cada família tem uma reação ao receber a criança com esta Síndrome, algumas conseguem superar as dificuldades e as crises, porém outras não se mantêm num momento de tristeza infindável.
Voivodic diz que,
Segundo alguns autores, existe um processo de luto adjacente, pela morte das expectativas do filho imaginado, quando do nascimento de uma criança disfuncional, que envolve quatro fases. Na primeira fase, há um entorpecimento com o choque e descrença. Na segunda, aparece ansiedade e protesto, com manifestação de emoções fortes e desejo de recuperar a pessoa perdida. A terceira fase caracteriza-se pela desesperança com o reconhecimento da imutabilidade da perda. E finalmente a quarta fase traz uma recuperação, com gradativa aceitação da mudança. (2008, p.51)
Absolutamente todas as famílias passam pela fase do luto, algumas o superam, enquanto que outras nele permanecem. Porém no decorrer desta fase a família precisa se interagir, buscar melhores condições para lidar com o novo integrante.
Sendo assim necessário enfocar a criança como ser completo, insubstituível e importante, e não valorizar somente a deficiência da mesma é preciso, portanto que haja uma conscientização por parte da família, de que a criança com deficiência é igual às outras, porém requer mais atenção, mais cuidados, mais e mais em tudo que diz respeito às suas necessidades.
Dentre as suas necessidades, os sentimentos que podem transformar não só a vida destas, mas a de todos os indivíduos que a cercam está o amor e o respeito, visto que sem estes o ser humano deixa de existir por completo, e a base e as estruturas da família também se abalam.
Sendo a família a grande responsável pelo desenvolvimento da criança, se faz necessário que ela encontre formas diferenciadas para melhorar a qualidade de vida de seus filhos.
Segundo Voivodic, ”famílias que conseguem manter a ligação afetiva, estreita e positiva com a criança favorecem a aprendizagem, proporcionando condições de desenvolvimento e segurança para sua independência e autonomia”. (2008, p.54)
Em todas as etapas da vida de uma criança, seja ela com deficiência ou não, é preciso os laços afetivos da família, pois assim ela se sentirá acolhida, amada e importante dentro do ambiente em que vive.
De acordo com Tunes,
O nascimento de uma criança com síndrome de Down não se pode ser visto como uma tragédia. Ao contrário, deve ser sentido com amor e agradecimento. Pessoas especiais são dadas apenas para pessoas especialmente capazes. [...]. (2001, p. 4)
Contudo, raramente a família consegue ver a situação por este ângulo, simplesmente o que ela quer é o filho que por muito tempo esperaram desejaram e fizeram planos. E somente conseguem visualizar a deficiência e muito raramente o filho propriamente dito.

3.1 A Convivência com a Criança com Síndrome de Down
Quando a família supera a fase do luto, (o que não acontece com todos os membros mutuamente), passam então a ter vida nova, e começam a reagir frente aos obstáculos encontrados.
De acordo com Werneck,
Se os pais lidam com o filho que tem síndrome de Down com naturalidade, todos também o farão. Nada de tratá-lo como se fosse muito fraco ou indefeso, fazendo exigências ou restrições especiais aos outros irmãos em relação a ele [...] (2008, p.22)
A família precisa ser a primeira a romper as barreiras do preconceito, para que a comunidade possa aceitá-lo, e assim a sociedade por sua vez além de aceitar irá se adequar às suas necessidades.
Werneck diz ainda que, ”para as crianças é bem mais fácil lidar com o irmãozinho que só parece ser um pouco diferente do que imaginavam” (1995, p.122,), isso acontece porque as crianças são naturais, espontâneas, para elas não existem diferenças e quando passam a apontar diferenças é porque o adulto lhe passou esta informação.
A criança precisa de uma convivência saudável com seu grupo familiar, pois só assim se desenvolverá e não se sentirá rejeitado, de acordo com Voivodic, (2008, p.48)
O desenvolvimento das crianças com deficiência mental não depende só do grau em que são afetadas intelectualmente, pois numa visão mais sistêmicas consideram-se vários fatores que interferem no desenvolvimento dos quais o principal é o ambiente familiar. (Apud Rodrigo & Palácios, 1998)
Sendo assim, direta ou indiretamente, a família é a responsável pelo desenvolvimento completo da criança, visto que é a interação da família com a criança S.D. que irá desenvolvê-la principalmente nas áreas cognitivas, lingüísticas e sócio emocionais.
Contudo algumas famílias ainda não se deram conta dessa responsabilidade, até porque o desenvolvimento da criança com deficiência é diferente, requer mais cuidados e atenção, e a família por sua vez enfrentará novos desafios.
Para Voivodic, (2008, p.52)
Essa qualidade de interação está mais claramente relacionada com o desenvolvimento da criança nos primeiros anos que as próprias características das crianças (salvo em casos de deficiência muito grave). Desde os primeiros meses, a criança com SD tem dificuldade para manter a atenção e estar alerta aos estímulos externos. (Apud Rodrigo & Palácios, 1998)
A criança se desenvolverá de acordo com o meio em que vive, e cabe à família estimulá-la, dar atenção, carinho, educar, e acima de tudo vê-la como um importante membro da família.

3.2 Estimulação Precoce da Criança com Síndrome de Down
Toda e qualquer criança precisa ser estimulada após o nascimento, desde que não seja constatada nenhuma anomalia. Pois, os benefícios trazidos pela estimulação favorecerão a vida desta criança, melhorando assim, a fala, a mastigação, o padrão de andar, ou seja, as funções motoras e intelectuais.
A criança precisa de estimulação, tal qual necessita de alimentação, vestimentas, afeto, atenção, cuidados para que possa desenvolver-se e estar pronta para entrar em contato com o mundo externo.
A fase inicial da estimulação precoce é de 0 a 3 anos, por isso ela deve acontecer já nos primeiros dias de vida, visto que, esta é a fase crucial tanto para o desenvolvimento cerebral, quanto para o desenvolvimento motor.
Porém, além de estimulá-las motoramente se faz necessário uma estimulação visual com brinquedos coloridos, auditivo com brinquedos sonoros com sons variados, podendo ainda utilizar a voz humana; quanto ao estímulo sensitivo, este poderá ser feito utilizando texturas diferentes e a criança deverá usar o mínimo de roupa possível.
É preciso, no entanto, salientar que todas as atividades devem ter significados para a criança fazendo parte do seu cotidiano, como as atividades de lazer, no ato da alimentação, do banho, do vestuário.
De acordo com Werneck,
Toda criança, com ou sem retardo mental, precisa de estímulos para aprender a se arrastar, engatinhar, sentar, andar, falar. Só que os adultos, apesar de intuitivamente trabalharem nesse sentido, não se dão conta do que fazem. A cada brincadeira nova, a cada ida ao circo ou parquinho de diversões, a cada música que cantamos, a cada passeio, a cada atividade na hora do banho ou durante a refeição, estamos estimulando-as. [...]. (1995, p.145)
A estimulação é de responsabilidade da família, e das pessoas que estão próximas à criança, é sabido que a criança Down que não recebe uma estimulação adequada tem sua vida adulta prejudicada. Visto que se trata de uma seqüência, a criança que não aprendeu a se arrastar, não irá engatinhar de forma adequada, assim como não sentará e nem andará corretamente.
Uma criança que vive em uma ambiente onde todos conversam com ela, cantam para ela, e que a estimule a balbuciar nos primeiros meses de vida, com certeza esta terá maiores chances de desenvolver a fala nos primeiros anos de vida.
Para Voivodic, “torna-se importante, desde os primeiros anos de vida da criança com SD, a estimulação que leve em conta seus diferentes modos e ritmos de aprendizagem, em função de suas necessidades especiais”. (2008, p. 46).
As crianças com S.D. levam mais tempo que as outras crianças sem a síndrome para responder aos estímulos que lhe são oferecidos, por isso é necessário que elas sejam estimuladas todos os dias, e mais vezes, porém é preciso ressaltar que estas crianças precisam de acompanhamento médico, pois os exercícios que dão certo para um bebê poderá não dar certo para o outro.
Saboya diz que,
[...] cada criança com síndrome de Down tem seu programa de estimulação. O que serve para uma pode não servir para outra. Há bebês que por não terem perdido alguns de seus reflexos iniciais (reflexos típicos de um recém-nascido que deveriam desaparecer aos poucos, nos meses seguintes ao nascimento), necessitam de uma antiestimulação (exercícios inibitórios). E o rendimento dos exercícios será tanto maior quanto mais forem incorporados à rotina do bebê e de sua família. (1995, p.144)
Os pais precisam ter em mente que ao estimular o bebê tem que ser por prazer, e que esta atividade é feita em conjunto com a família, pois muitas vezes acaba sendo de responsabilidade de uma única pessoa, no caso a mãe, se todos estimularem a criança com certeza poderão compartilhar dos bons resultados.

4 A SEXUALIDADE DA PESSOA COM SÍNDROME DE DOWN

A sexualidade das pessoas com SD não diferem muito das que não tem a Síndrome. Muniz, diz que “é importante lembrar que a sexualidade é uma função natural, existente em todos os indivíduos. Pode se expressar no seu componente afetivo, erótico ou afetivo-erótico”. (2007, p. 67)
No entanto, quando se trata da sexualidade de um S.D., o tema passa ser polêmico, pois o preconceito e a discriminação se fazem presente em suas vidas, por parte das pessoas que os cercam.
A curiosidade em descobrir o corpo do outro e o próprio, são sinais clássicos de que o desejo sexual está aflorando, bem como o aparecimento da exploração dos próprios órgãos genitais, e muitas vezes são coibidos por estes atos, e isso acaba gerando dúvidas, pois não recebem nenhum tipo de explicação.
De acordo com Muniz,
Lidar com a sexualidade dos filhos já é um tabu para a maioria dos pais. Imagine então se o centro das preocupações for um portador da Síndrome de Down? E por medo de expor o adolescente a riscos físicos e emocionais, muitos pais negam a existência do problema e preferem encarar o filho como uma criança assexuada. (2007, p. 77)
Muitos adolescentes com deficiência, quando orientados, entendem que há comportamentos adequados e inadequados em relação à prática do sexo e a manipulação dos órgãos genitais diante de mais pessoas, entendem também as conseqüências e as responsabilidades advindas com o prazer que o sexo proporciona.
Contudo, é necessário ressaltar que tais adolescentes só discernem o certo do errado quando há uma orientação por parte dos pais, professores, da equipe interdisciplinar e também do médico, visto que estes quanto mais se negarem a falar no assunto mais fantasias estes adolescente criaram.
Em relação à pessoa com S.D., existem algumas diferenças no desenvolvimento sexual feminino e masculino, Muniz diz que, “no sexo feminino, a fertilidades está suficientemente comprovada, pois há vários casos de reprodução, já nos homens isso é mais complicado”. (2007, p. 69)
Nos meninos a puberdade inicia-se mais ou menos aos 13 anos; os pelos faciais e das axilas são escassos, quanto ao desenvolvimento das genitálias há uma controvérsia entre os estudiosos, pois uns afirmam ser normais, enquanto que outros dizem que possuem pênis de tamanho inferior e o volume dos testículos é menor, e em alguns casos a formação dos espermatozóides são inferiores à dos homens sem a Síndrome.
Segundo Muniz, “a fertilidade geralmente é mais reduzida nos homens com Síndrome de Down, apesar do desenvolvimento quase normal das características sexuais secundárias [...]”. (2007, p. 71)
Já as meninas, a menstruação acontece normalmente como nas outras adolescentes, mais da metade delas têm ovulação normal, pode-se dizer que as meninas estão no padrão normal da sociedade em relação ao sistema reprodutivo.
De acordo com Muniz, “nas meninas, a menstruação ocorre como em outras jovens, exceto em casos de hipotireoidismo ou problemas crônicos de saúde, em que pode ocorrer atraso na puberdade”, (p. 72, 2007)
Pode-se perceber então que meninos e meninas diferem entre si no que diz respeito à formação do próprio comportamento sexual, onde é evidente o interesse por namoros tanto pelos meninos quanto pelas meninas.
Porém, quando o assunto é a masturbação, os meninos estão à frente, contudo tais ações não são observadas nas meninas, tais atitudes também são observadas com freqüência na adolescência dos meninos e meninas sem a S.D..
Muniz diz que,
Em primeiro lugar, é importante encara a masturbação como um fato natural. É uma forma de obter satisfação sem o ato sexual com outra pessoa. Todas as pessoas se masturbam e alguma fase do desenvolvimento, na infância, na adolescência ou na vida adulta. Mas no caso dos especiais, eles precisam de informação e limites em doses maiores do que as outras crianças, mas isso não significa ter o desejo reprimido. Apenas ouvir mais vezes, por exemplo, que se masturbar no quarto sem ninguém ou no banheiro de portas fechadas, e não a qualquer hora e lugar na frente dos outros. (2007, p. 75 – 76)
Contudo, não são todos os pais que encaram esta fase com naturalidade, tão pouco, conseguem conversar com seus filhos sobre sexualidade. E isso não se limita só aos pais que têm filhos com deficiência, mas acontece com praticamente todos, tenham ou não filhos com deficiência.
E a fase da masturbação é um tanto longa, e quando se trata das pessoas com deficiência, o caso requer cuidados especiais e específicos, pois os mesmos não conseguem controlar os desejos e os impulsos necessitando assim de orientações.
Fase esta que torna-se mais complicada quando estes adolescentes estão freqüentando a escola, visto que a comunidade escolar também, não vê essa situação como naturalidade. E a família por sua vez, quer tanto que o seu filho tenha amigos, que freqüente a Escola Regular Comum, que faça as mesmas coisas que os adolescentes sem a S.D. fazem, quando o filho passa por esta fase que é natural do ser humano, esta mesma família espera que o filho não tenha desejos sexuais.
Na visão de Muniz,
A vida sexual ativa é pouco comum. [...], observa-se que, de uma forma geral o adolescente com Síndrome de Down tem uma vida social muito restrita, e o relacionamento entre ambos os sexos quando acontece, tem um sentido mais de amizade do que de namoro. Quando o adolescente afirma que está namorando, muitas vezes, refere – se apenas a um adolescente do sexo oposto que lhe agrada. Da mesma forma que o grupo de amigos é muito limitado, um parceiro sexual constante é raro. (2007, p. 83)
Os adolescentes com S.D. ficam limitados a um pequeno grupo de pessoas que fazem parte do seu convívio social, tornando-se assim difícil encontrar um parceiro e quando encontram alguém que lhes dêem atenção chegam ao ponto de confundir os sentimentos.
Logo, tanto a família, quanto os profissionais que estiverem com adolescentes com S.D., necessitam aprender a respeitar as vontades destes, pois são raras as vezes em que estes adolescentes podem decidir algo em suas vidas.

5 O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E A APRENDIZAGEM DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN
As crianças com S.D. apresentam algumas limitações, são mais lentas e demoram mais tempo que as outras para atingir a maturidade e desenvolver-se por completo.
Elas podem desenvolver inúmeras habilidades – dentro de suas limitações –, não sendo possível então predizer suas capacidades ao nascimento, visto que algumas crianças com Down têm um ótimo desenvolvimento cognitivo, pois receberam estímulos desde o seu nascimento e tiveram acompanhamento de diversas terapias.
Por isso o trabalho pedagógico específico deverá ser iniciado o quanto antes possível, de preferência na Estimulação Precoce e na Educação Infantil, pois assim a criança receberá uma estimulação adequada para que possa desenvolver-se mais rápido.
Segundo Voivodic, “é necessário, porém romper com determinismo genético e considerar que o desenvolvimento da pessoa com S.D. resulta não só de fatores biológicos, mas também das importantes interações com o meio”. (2008, p. 46)
O atendimento feito à criança com S.D. deverá ser realizado de acordo com as situações diárias da mesma, pois é na educação Infantil que ela será interada no meio social, adquira experiências de convivência com os demais integrantes da escola e por fim desenvolverá a autonomia.
Contudo se faz necessário ressaltar que a criança Down, necessita da união dos profissionais em educação, dos pais e da equipe multidisciplinar para que juntos possam trabalhar em prol do seu desenvolvimento tanto acadêmico com social.
Voivodic diz que,
Por mais que a escola e os profissionais se esforcem no sentido de promover o desenvolvimento da criança com SD, seus esforços serão bastante limitados se não for considerada, tanto em sua filosofia educacional quanto em sua prática de ação uma orientação aos pais. (2008, p. 57)
E para que estas crianças possam desenvolver as suas habilidades, se faz necessário que ao aplicar as atividades, estas estejam voltadas para o objetivo da aprendizagem, visto que, em se tratando da criança Down, não há método específico, o que é preciso é uma intervenção específica de acordo com as necessidades de cada uma delas.
A criança com S.D. somente é vista por sua deficiência, até porque a Deficiência Mental está presente em todas elas, nunca num todo, como um ser completo, embora sua capacidade intelectual não esteja dentro da normalidade segundo os padrões da sociedade, se forem bem estimuladas e integradas poderão se desenvolver melhor.
De acordo com Voivodic, “o uso de rótulos e categorias enfatiza apenas as dificuldades e desvia a atenção de outros fatores que não são importantes e podem facilitar a aprendizagem”. (2008, p. 60)
A aprendizagem das crianças com S.D. torna-se um processo complexo e trabalhoso, pois, as mesmas demoram a adquirir e desenvolver a linguagem, sendo esta uma das características marcantes na criança com esta Síndrome, necessitando assim de uma estimulação específica.
O processo do desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem se dará mais rápido quando a criança com S.D. for integrada às atividades cotidianas, concretas, deixando de lado as abstrações, podendo assim desenvolver suas habilidades e potencialidades.
Há uma outra necessidade que também deve ser lembrada, a de deixar de estereotipar a criança com S.D., bem como a limitação das suas capacidades intelectuais; visto que grande parte da sociedade já condena a criança a um fracasso intelectual por ter uma deficiência.
Alves diz que, “[...], a Síndrome de Down é classificada como uma deficiência mental, a qual não podemos preestabelecer o limite do indivíduo, mas existe a grande possibilidade de desenvolvimento cognitivo”. (2007, p. 38)
Cada pessoa possui um limite, portanto cada uma aprende de maneira diferente, no entanto, o mesmo que acontece com as crianças S.D., umas se desenvolvem mais rápido que as outras, assim como, umas têm mais oportunidades que as outras.
Essas crianças para que possam ser atendidas adequadamente, precisam de profissionais preocupados com o seu bem estar, com a sua aprendizagem e com todo o seu desenvolvimento.
5.1 A Importância do Brincar no Desenvolvimento da Criança com Síndrome de Down
A criança com S.D. por ter seu desenvolvimento mais lento do que as crianças “comuns”, precisam de atividades que as estimulem. As brincadeiras e os brinquedos facilitam o desenvolvimento das mesmas.
Segundo Milani,
As crianças, através das brincadeiras, reproduzem cenas de sua própria vida. Em algumas situações, modificam tais cenas para que estas se tornem mais agradáveis. Essa mesma modificação pode ser detectada também em crianças portadoras da Síndrome de Down. (2006, p.92)
As crianças trazem para as suas brincadeiras a realidade de seu cotidiano o que facilita muito, tanto o desenvolvimento social quanto o motor, tornando-as mais independentes em suas práticas de atividades de vida diária.
De acordo com Milani,
A brincadeira permite que a criança resolva problemas não resolvidos no passado, de forma simbólica. Dessa forma, poderá enfrentar diretamente o presente, e se preparar para o futuro. As brincadeiras em que a criança precisa perseverar lhe ensinam a confiar. A confiança desenvolve o hábito de paciência, preservação e aplicação necessário para tornar possíveis as aprendizagens complexas. (2006, p.102)
No entanto muitas vezes os pais, ou mesmo os professores corrigem o modo das crianças brincarem, por acreditarem que o brinquedo não condiz com o modo ao qual esta sendo manuseado. Então quem acaba brincando são os adultos que intervém e não a criança, contudo é muito importante que a criança brinque, fantasie o máximo que puder.
Em relação aos tipos de brincadeiras Milani diz que,
A criança atribui vida aos objetos (animismo) e a brincadeira predominante é solitária. [...]. Aos poucos, vai se descentralizando e brincando coletivamente. Esse convívio social é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e afetivo.- emocional. Já na brincadeira simbólica coletiva, [...], aparece a necessidade de respeitar regras para ser aceita no grupo. A colaboração e / ou competição aparecerá mais tarde, nos jogos de regras. (2006, p. 99)
É através das brincadeiras que as crianças com ou sem S.D. se desenvolvem, aprendem a viver em grupos, a respeitar normas, a impor regras e a ter limites. E ainda aumentava a agilidade mental, tem um melhor desenvolvimento nas atividades de lateralidade e nas de orientação espacial.
Para Milani, [...] brincar é, para a criança, um modo de reconhecer suas características individuais em grupo e individualmente, de modo a melhorar e preservar sua imagem perante os outros [...] (2006, p.99)
Normalmente é durante as brincadeiras que as crianças extravasam as suas vontades, suas energias, fantasias, emoções deixando visíveis suas características próprias, e suas personalidades.
De acordo com Canning (Pueschel),
O brincar é o veículo natural do crescimento e da aprendizagem. Nos primeiros estágios, as crianças com síndrome de Down necessitam de assistência no brincar. Precisam imitar, aprender na ação e fazer algo acontecer. Precisam realizar escolhas e compartilhar. Os limites são determinados para seu comportamento e eles devem aprender a colaborar. Todas essas habilidades ajudam a formar comportamentos positivos e auxiliam na implementação de objetivos da escola e dos pais. (2007, p. 171 – 172)
Na maioria das vezes o brincar não é levado a sério nem pelos pais e nem pelos professores, que acreditam ser uma perda de tempo e que não servirá para nada. No entanto, principalmente no caso da pessoa com S.D., o brincar é de suma importância, pois é através dele que a criança passa a melhorar o seu atraso no desenvolvimento.
Segundo Zausmer (Pueschel)
Poucas coisas encantam mais a criança do que descobrir um armário, baú de brinquedos ou gaveta. Os pais devem providenciar tais lugares, mas fazendo deles uma experiência de aprendizagem, mantendo o armário ou gaveta fechados quando não estão sendo utilizados, guardando os brinquedos e ajudando a criança a selecionar brinquedos que serão usados naquela hora, mas deixando claro que existe a opção de substituí-los mais tarde. (2007, p. 156)
É importante que as crianças percebam que não são obrigadas a brincarem com um único tipo de brinquedo, ou uma única brincadeira, assim como também é preciso que os adultos verifiquem os melhores brinquedos os quais melhores se adaptam.

5.2 A Linguagem como um Meio Facilitador da Aprendizagem
A criança com S.D. tem um atraso no seu desenvolvimento devido a hipotonia, o que implica na aquisição da fala.
De acordo com Saboya,
O atraso na aquisição da fala é um dos maiores problemas dessas crianças. A hipotonia muscular (espécie de flacidez), provoca um desequilíbrio de forças entre os músculos orais e faciais, alterando a arcada dentária, parecendo projetar o maxilar (arcada inferior) e contribuindo para que a língua assuma uma posição inadequada (para fora). A respiração incorreta, pela boca, além de deixar a criança mais suscetível a infecções respiratórias, altera seu palato e dificulta a articulação dos sons. O retardo mental, por sua vez, dificulta a memorização das seqüências de sons e a linguagem (organização do pensamento, elaboração e abstração). (1995, p. 146)
Grande parte das crianças com Down, não possui uma linguagem clara, e por isso algumas delas ou a família buscam uma outra forma de comunicação, no entanto muitas famílias não insistem na comunicação verbal por acreditarem que seu filho não seja capaz de se expressar oralmente, deixando-o de lado.
Porém, estas famílias se esquecem que o ambiente ao qual a criança está inserida é de grande importância, pois, este sendo favorável irá propiciar à ela o desenvolvimento da linguagem.
Saboya diz que, “Antes de falar, a criança já se comunicou com as pessoas que a cercam através de olhares, pequenos gestos de afeto e brincadeiras, sentindo-se amada, respeitada e parte do ambiente familiar”. (1995, p. 146)
Além do ambiente favorável e necessário também a presença da família nas atividades das crianças, pois com o apoio familiar a criança tende a desenvolver muito mais.
Outro fator importante é que a família tenha consciência que a estimulação precoce também engloba a parte da linguagem e que esta precisa ser estimulada para que se desenvolva da melhor forma possível, com a orientação de uma fonoaudióloga.
Saboya ressalta que,
[...]. Esse trabalho de base torna-se importante devido à hipotonia dos órgãos fonoarticulatórios (lábios, língua e bochecha) nas crianças com síndrome de Down. a fonoaudiologia atua também na construção da linguagem (verbal e não – verbal), seguindo as etapas de desenvolvimento e de sua interação com o meio. A aquisição de uma linguagem clara e bem – articulada incentiva a interação e a comunicação social. (1995, p.145)
Muitas crianças com Down possuem a linguagem oral um tanto deficitária o que implica num mau funcionamento da escrita, pois as mesmas por não falarem claramente não conseguem também escrever.
Algumas dessas crianças não têm um atendimento especializado – com fonoaudiólogos – ficam a mercê do destino, normalmente a família não tem conhecimento da importância dos exercícios fonoaudiológicos prejudicando assim todo o desenvolvimento da criança.
Todas as crianças precisam ser estimuladas já no início da sua vida, pois assim desenvolveram melhor a oralidade, visto que a mãe é a grande responsável pelo início dessa estimulação, pois é ela quem passa a maior parte do tempo com a criança.
Segundo Milani,
A exploração oral deve ser encorajada na primeira infância, por ser muito valiosa. Além de estimular os movimentos de lábios, língua e outras estruturas da boca, estimula a fala. Além disso a criança, com seu ato de levar algo à boca, aprenderá a perceber texturas, formatos, temperaturas e sabores. (2004, p. 50)
Para estimular a oralidade da criança não é necessário o uso de materiais especiais, isso pode ser feito com objetos simples, tais como: alimentos sólidos, pois assim as crianças serão forçadas a mastigá-os, induzí-las a produzirem sons por repetição e a tomar água com canudos, essas são apenas algumas das atividades usadas para a estimulação, que podem ser feitas em casa.
De acordo com Blascovi – Assis, “É importante que o profissional [...] respeite o seu ritmo de fala, procurando entender e atender às suas questões de forma clara, simples e objetiva, dando a ela o modelo correto de linguagem”. (1977, p. 75 – 76)
Cada pessoa, com ou sem deficiência tem seu ritmo próprio, cabe ao profissional que irá atendê-lo adequar todas as atividades de acordo às necessidades de cada indivíduo, respeitando assim seus limites e potenciais.
Segundo Voviodic, (2008, p. 72) “É a comunicação que vai permitir que as pessoas com Síndrome de Down tenham a possibilidade de desenvolver ações para melhorar suas condições de qualidade de vida e de emancipação pessoal e social”.

6 INCLUSÃO E INTEGRAÇÃO
A inclusão e a integração possuem significados diferenciados, pois a primeira visa o que o indivíduo precisa, enquanto que a segunda prioriza o que o indivíduo sabe fazer, ou seja, o que tem a oferecer.
Segundo Voivodic, no seu sentido etimológico, integração vem do verbo integrar, que significa formar, coordenar ou combinar num todo unificado. Inclusão vem do verbo incluir, significa compreender, fazer parte de, ou participar de. [...] (2008, p.26)
Enquanto que a integração para Silva, (2008, p. 152)
[...] a integração nada ou pouco exige da sociedade em termos de modificação de atitudes, de espaços físicos, de objetos e de práticas sociais. No modelo integrativo, a sociedade, praticamente de braços cruzados, aceita receber portadores de deficiência desde que estes sejam capazes de [...] (Apud, SASSAKI, 1997, p.35)
Tanto a sociedade, quanto a comunidade escolar, acredita que o simples ato de receber as pessoas com deficiência já significa que já estão cumprindo com o seu papel de cidadão inclusivo sendo assim, acreditam que não há necessidade de quebrar as barreiras atitudinais e / ou as arquitetônicas.
Para Silva a inclusão é, (2008, p. 153)
O processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais e gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. A inclusão social constitui, então um processo bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam, em parceria, equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos. (Apud, SASSAKI, 1997, p. 41)
Contudo é preciso que as pessoas não fiquem somente no modismo, que não se acomodem e nem pensem que a inclusão é mais uma tendência tanto social, quanto educacional.
Visto que não é a mudança da terminologia que irá fazer com o processo de inclusão tenha total êxito, e sim as pessoas que pertencem a sociedade é que tem o poder de mudar a situação, de fazer a inclusão ganhar significado.
De acordo com Silva, (2008, p. 155)
Participar de um processo inclusivo é estar predisposto, sobretudo, a considerar e respeitar as diferenças individuais, criando a possibilidade de' aprender sobre si mesmo s sobre cada um dos outros em situação de diversidade de idéias, sentimentos e ações [...]. (Apud, Pedrinelli, 2002 p. 54)
Porém a atual sociedade não se dá conta que para a inclusão acontecer é necessário que a aceitação seja interna, e que as ações precisam corresponder ao verdadeiro sentido da inclusão.
6.1 Um Paralelo Entre a Educação do Ensino Regular Comum e a Educação do Ensino Regular Especial
A educação seja ela Comum ou Especial tem por objetivo preparar os indivíduos para o futuro tornando-os eficientes, capazes, realizados, além de proporcioná-los a autonomia.
De certa forma, no Brasil a história da educação das pessoas com deficiência não é a das mais felizes, ou seja, desde o início elas eram segregadas, ou eram atendidas assistencialmente.
Silva diz que,
No Brasil, só no século XIX esses indivíduos começaram a ser objeto de alguma forma de ensino, ainda que claramente segregados, e só quase nos finais do século XX começaram a se “beneficiar” de uma educação com seus iguais nas escolas de ensino regular. [...]. (2006, p.9)
Ao longo da história pode-se perceber que as pessoas com deficiência eram excluídas por questões financeiras, sociais e culturais, muitas dessas eram consideradas como possuídas por demônio, eram tratadas como loucas e internadas em sanatórios, exiladas em sítios afastados das cidades e quando a família não tinha condições de levá-los a estes locais, os deixavam presos em algum cômodo da própria casa.
Contudo, a educação hoje tem um grande desafio: proporcionar a todos os indivíduos com qualquer deficiência, de caráter temporário ou permanente, o acesso aos conteúdos básicos que a escola oferece.
Porém, para que realmente as escolas regulares comuns possam oferecer este ensino, elas precisam reestruturar os sistemas de ensino adequando – os às necessidades de cada aluno.
De acordo com Voivodic,
Para atender às necessidades educacionais de seus alunos, é preciso que a escola se modifique. Nesse momento caberá a ela atender a uma parcela social que até então esteve excluída de seus projetos e planos de trabalho, ainda que estivesse presente em suas dependências, seja na classe especial, na classe de recurso ou na classe comum. (Apud Mendes, 2002: 76)
Até alguns anos atrás a pessoa com deficiência ao freqüentar a escola de ensino comum, só o fazia nas salas de recursos, ou em uma sala especial dentro do ensino comum, ficando assim segregada dos demais.
Dentro do ensino comum as pessoas que tinham deficiências cognitivas, múltiplas, ou distúrbios emocionais severos não eram aceitas, pois a educação escolar não era considerada prioritária ou até mesmo possível, para estas pessoas.
Foi então que começaram a surgir às escolas especializadas para atender as pessoas com deficiências, com distúrbios graves de aprendizagem ou de comportamento, e também as com altas habilidades.
Segundo Voivodic,
A educação especial tem cumprido, na sociedade moderna, duplo papel de complementaridade da educação regular. Isto é, atende por um lado à democratização do ensino, na medida em que responde às necessidades de parcela da população que não consegue usufruir dos processos regulares de ensino; por outro lado, responde, ao processo de segregação da criança ‘diferente’, legitimando a ação seletiva da escola regular a ação seletiva da escola regular. (Apud Bueno, 1997:57)
Aparentemente a educação especial tem um sentido ambíguo, pois ao mesmo tempo em que atende às necessidades das pessoas com deficiência, também as exclui, segregando-as das demais pessoas.
No decorrer da história da educação especial, pode-se perceber que as pessoas com deficiência além de serem excluídas da sociedade, eram também afastados de suas famílias, e isto fazia com que se aumentasse o preconceito sobre as pessoas que fugiam do padrão de “normalidade”.
Por algum tempo as escolas especiais ou centros educacionais específicos eram espaços voltados para as crianças consideradas “não escolarizáveis”, ou seja, aquelas que não tinham proveito em classes comuns, junto com outras crianças da mesma idade, e estas saíram prejudicadas por estarem convivendo com crianças que não rendiam.
De acordo com Voivodic,
Idealmente as classes especiais tinham por objetivo conduzir os alunos com deficiência mental à mesma meta que a escola regular objetivava aos alunos considerados “normais”: assegurar sua plena capacitação, preparando – os para uma vida independente em sociedade, mediante a aquisição de conhecimento e habilidades. Portanto a escola regular, mas sua prática se dava através de meios diferentes, com outras técnicas, em instituições exclusivamente para crianças com atraso mental. Constituía um elemento essencial a homogeneidade dos alunos, e isso assegurava, na medida do possível, a semelhança de nível intelectual, mesmo com diferenças de idade cronológica. (2008, p. 59)
No entanto pode-se perceber que, as escolas especiais mostraram suas limitações e raramente conseguiu atingir suas metas que havia proposto, como, preparar os adultos para que estes fossem autônomos e capazes.
Somente a partir de 1994 com a Lei de Diretrizes e Base a Educação Especial ganha um novo significado. De acordo com Paulon,
A Educação Especial é definida, [...], como uma modalidade de educação escolar que permeia todas as etapas e níveis de ensino. Esta definição permite desvincular “educação especial” de “escola especial”. Permite também, tomar a educação especial como um recurso que beneficia a todos os educandos e que atravessa o trabalho do professor com toda a diversidade que constitui o seu grupo de aluno. (2007, p. 19, 2007)
Para que a educação especial funcione de fato é preciso acreditar no potencial de cada aluno ali inserido, do mesmo modo deve ser no ensino comum. É necessário que educação especial seja além de um suporte, que trabalhe junto com a educação comum, e que ambas não se isente das responsabilidades relativas às dificuldades de seus alunos. Ou seja, que se unam e trabalhem em prol do aluno com deficiência, e que procurem soluções para melhor atendê-los.
Segundo a Revista Educação Inclusiva,
É comum responsabilizar a escola de ensino regular por não saber trabalhar com as deficiências e excluir seus alunos e a escola especial por se colocar de forma segregadora e discriminatória. A implementação da educação inclusiva requer a superação desta dicotomia eliminando a distância entre ensino regular e especial, que numa perspectiva inclusiva significa efetivar o direito de todos os alunos à escolarização nas escolas comuns de ensino regular e organizar a educação especial, enquanto uma proposta pedagógica que disponibiliza recursos, serviços e realiza o atendimento educacional especializado, na própria escola ou nas escolas especiais, que se transformam em centros especializados do sistema educacional, atuando como suporte ao processo de escolarização. (2007, p. 32 – 33)
A inclusão terá êxito quando as duas modalidades de ensino visar o aluno num todo, e não somente a deficiência que ele tem, quando deixar de procurar quem é o culpado pela educação não estar dando certa nestas duas modalidades. Assim irão proporcionar uma educação de qualidade, possibilitando a estes alunos meios de adquirir conhecimentos complexos que até então à sociedade somente exigia, mas não acreditava que os alunos com deficiência fossem capazes de adquirir.
6.2 A Educação Formal e Informal da Criança com Síndrome de Down
A educação prepara as pessoas, ensina-lhes algumas habilidades, permite ainda adquirir independência, além de possibilitar a interação com outras pessoas. No entanto para que tudo isso aconteça é preciso que todos – sociedade, família, comunidade escolar –, estejam dispostos a trabalhar juntos em prol das pessoas com deficiência.
De acordo com Fredericks,
A principal finalidade da educação, da infância à adolescência, é a de preparar os indivíduos para serem eficazes e bem – sucedidos na vida adulta. Assim, a boa educação oferece uma combinação de habilidades básicas e especializadas. Para proporcionar este tipo de educação para crianças com Síndrome de Down, os educadores devem conhecer os desafios e problemas que essas crianças enfrentam, e como se responde a tais desafios. (2007, p. 183)
Com a educação vários caminhos se abrem para qualquer pessoa seja ela com deficiência ou não, e através dela que o indivíduo se torna cidadão sabedor de seus direitos e deveres, e ainda tem o poder de discernir entre o certo errado.
A educação informal da criança com S.D., se constitui primeiramente no seio familiar, sendo esta a responsável por inserir a criança no mundo, nas atividades e vida social.
Segundo Voivodic,
A família se constitui o primeiro grupo social da criança, e é através do relacionamento familiar que a criança viverá a primeira inserção no mundo. É no seio da família que a criança terá suas primeiras experiências, sendo, portanto esta a unidade básica de crescimento do ser humano e sua primeira matriz de aprendizagem. (2008, p. 48)
A família de um modo geral deposita muitas expectativas no filho, esperando que ele corresponda de maneira positiva, porém quando o filho que nasce tem alguma deficiência essas expectativas são quebradas e a família entra em estado de choque.
Contudo, sabe-se que este choque é inevitável, algumas famílias superam logo e passam buscar melhores condições de vida para o filho, geralmente a mãe e a primeira a sair do estado de choque e a acreditar no desenvolvimento do filho.
As atividades da vida cotidiana na família dão a criança oportunidades para aprender e desenvolver – se através do modelo, da participação conjunta, da participação conjunta, da realização assistida e de tantas outras formas de mediar a aprendizagem. Essas atividades podem, ou não, propiciar motivações educativas. (VOIVODIC 2008, p. 54)
É a partir dessas atividades que a criança vai adquirir base para melhor desenvolver-se no futuro, e suas funções cognitivas irão amadurecer, e com isso não terá grandes problemas na escola.
Quanto à educação formal esta poderá ser oferecida tanto na modalidade de Ensino Regular Comum, como na de Ensino Regular Especial.
Voivodic diz que,
A educação formal, ministrada pela escola, é um processo importante na formação de todos os indivíduos. A escolarização tem como principal objetivo que os alunos aprendam a aprender e que saibam como e onde buscar a informação necessária.
É a educação que irá propiciar ao indivíduo condições, e habilidades para se tornar uma pessoa independente e com autonomia, capaz de superar os obstáculos encontrados ao longo do caminho.

7 A INCLUSÃO DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN NO ÂMBITO ESCOLAR
Toda e qualquer criança com ou sem deficiência tem o direito de freqüentar a escola. E cabe à escola se adequar às necessidades de cada aluno, proporcionando-lhes uma educação de qualidade.
De acordo com a Declaração de Salamanca a educação é um direito de todos e que cada indivíduo tem suas próprias características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem. E a Declaração também assegura todos devem ter oportunidade de obter e manter um nível aceitável de conhecimentos.
É importante salientar que, somente as leis que asseguram a educação a todos, não são suficientes para garantir o acesso à escola e à qualidade de ensino, é necessário que tanto as escolas, quanto a comunidade escolar, se preparem, capacitem para atender às necessidades educacionais dos alunos ali inseridos.
Segundo Voivodic,
Tais ajustes ou adaptações também se organizam num contínuo que vai desde pequenas modificações na programação das aulas, até mudanças significativas e que se distanciam consideravelmente do projeto curricular estabelecido (estas, bem menos freqüentes). (Apud Carvalho, 1998:23)
Estes ajustes devem ser apropriados de acordo às necessidades específicas de cada aluno, pois são os ajustes aos recursos educacionais que favorecerão a efetivação da inclusão, e esta só será possível quando houver uma reestruturação completa do projeto pedagógico de cada escola.
Voivodic diz que,
A inclusão se reflete no desenvolvimento de estratégias que procuram proporcionar igualdade de oportunidades. O princípio da escola inclusiva é que todas as crianças aprendam juntas, independente das diferenças que possam ter. As escolas inclusivas devem reconhecer as diversas necessidades dos alunos e dar uma resposta a cada uma delas, assegurando educação de qualidade a todos, através do currículo apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos e parcerias. Para isso, as crianças com necessidades especiais devem receber os apoios extras que necessitam para que tenham uma educação efetiva. (Apud Santos, 2002)
Contudo vale salientar que, o modelo de educação existente no Brasil tem um padrão não muito favorável à inclusão. Em muitos casos, as crianças com Down vivem um dilema, pois se de um lado a inclusão delas no ensino regular favorece ganhos sócios – afetivos, por outro, na maioria das vezes, essas mesmas escolas oferecem poucas ou nenhuma alternativa na retenção dos conteúdos dados em sala de aula.
Em contrapartida, a inserção das crianças Down nas escolas especiais, faz com que estejam em um ambiente muito protegido e algumas vezes segregador, contudo o aprendizado formal das crianças é o enfoque maior onde são usados os recursos adequados para a sua aprendizagem.
É neste momento que os pais começam a ter dúvidas, não sabem qual o melhor local para seu filho aprender, tão pouco sabe onde encontrar profissionais aptos, qualificados e competentes para atender as necessidades de seus filhos. No entanto Voivodic (apud Mantoan 1997) enfatiza que “[...] a inserção escolar dessas crianças no ensino regular poderá contribuir significativamente para o seu desenvolvimento intelectual e para a sua atuação no meio social”. (2008, p.62)
No entanto, os pais precisam ter consciência de que, para as crianças com SD se desenvolverem é necessário que elas interajam com outras – “ditas normais” – e que se comportem e consigam fazer as mesmas coisas que as da mesma faixa etária fazem.
Segundo Voivodic, “[...], quando a criança com SD freqüenta escolas regulares, tem ganhos significativos não só em seu desenvolvimento social, mas também em seu desenvolvimento cognitivo. [...]”. Porém a criança com SD só terá êxito se estiver em um ambiente tranqüilo, agradável, pois a partir do momento em que se sentirem rejeitadas os efeitos serão prejudiciais ao seu desenvolvimento.
Além do ambiente favorável, se faz necessário também, os profissionais preparados, e com conhecimento para lidar com a nova situação, auxiliando assim todo o grupo escolar na resolução de alguns problemas do cotidiano dentro âmbito escolar.
De acordo com Blascovi – Assis,
Quando falamos em um profissional bem preparado, queremos dizer que este deve ter conhecimentos gerais sobre o desenvolvimento e comportamento, [...], para poder intervir apenas quando necessário e de forma adequada, respeitando a liberdade que caracteriza a situação e cumprido seu papel de mediador em algumas ocasiões, sem resolver sozinho os problemas que possam surgir, mas sim em conjunto com o grupo para que possa haver, gradativamente, uma maior autonomia das crianças e dos jovens deficientes. (1997, p. 90)
A quebra de barreiras do preconceito é a fase inicial da inclusão, onde as pessoas são aceitas num todo, e a deficiência não é maior do que a pessoa que a tem, no entanto, não é isto que se tem visto tanto nas comunidades escolares, como na sociedade de um modo geral.
O que tem acontecido muito segundo Blascovi – Assis é que,
A criança portadora de deficiência, além de se ver estigmatizada pelas próprias características de sua deficiência, acaba sendo isolada do meio social em que vive por não ser considerada como um adulto produtivo em potencial. Aos olhos preconceituosos ela nada será quando crescer, portanto, além de ser uma criança inútil, acaba sendo prejulgada como um adulto inútil, que não contribuirá para o aumento de produção em nosso quadro social. (1997, p. 21)
É preciso, no entanto, evidenciar que as crianças com S.D. são capazes, e muitas vezes o que as impedem de progredir é o preconceito e o prejulgamento que a sociedade faz, é necessário então oportunizar a participação dessas crianças em atividades que as façam se aproximarem e a se relacionarem o máximo possível com as outras pessoas.
Visto que para realmente acontecer à inclusão, é necessário então a (efetiva) participação das pessoas com deficiência, elas precisam estar presentes, que lhes dêem condições para que possam participar das atividades escolares que lhes são propostas.
Além da participação, os alunos com deficiência também necessitam aprender e desenvolver as suas potencialidades, porém para que isso possa acontecer, as pessoas com Down precisam ter oportunidades iguais à das outras pessoas, que sejam valorizadas diante das habilidades que possuem.
A comunidade escolar precisa também conscientizar – se que cada aluno é diferente, tem seu próprio ritmo de aprendizagem e que isto não o impedirá de aprender, de assimilar, de compreender os conteúdos básicos oferecidos pela escola.
Segundo Valente
[...]. Para realizar inclusão, não é necessário que a professora seja especialista na deficiência apresentada pela criança. Significa sim que a escola e professores precisam adequar seu modo de ensinar, para que cada aluno possa aprender. É preciso explicar as suas características, sem generalizar ou ignorar suas diferenças. A intenção da inclusão não é “igualar” a criança com SD aos colegas, é fazer com que ela aprenda dentro de suas possibilidades. Mas que aprenda (Acesso em 23/08/08, 19H: 32 min)
O preparo do professor está no conhecimento que ele adquire ao se informar mais sobre a deficiência de seu aluno, quais são as suas limitações, o que pode e como deve ser trabalhada as atividades e os conteúdos, pois os professores é que são os mediadores que favorecerem o crescimento e o desenvolvimento dos alunos.
É o professor um dos grandes responsáveis pelo sucesso da inclusão, visto que ele é quem desenvolverá as ações que estarão ligadas diretamente ao processo de inclusão. Ações estas que podem ir de uma simples situação, como lidar com as diferenças e o preconceito advindo por parte dos alunos ou de seus pais, com as limitações dos alunos com deficiência ou até mesmo com as frustrações e ou expectativas da família dos alunos incluídos.
A escola é responsável também pela inclusão social, pois é ela quem tem o poder de transformar a sociedade, de preparar e instruir os cidadãos para o futuro e para o convívio em grupo. É a escola que irá abordar a questão do preconceito, visto que este tema ainda causa certo desconforto quando é colocado em pauta.
A escola é obrigada a aceitar por meio de leis, crianças com deficiência, esta o faz porque lhe é imposto, não porque gosta ou tem afinidades às vezes podem até achar bonito ter um aluno incluído, contudo ainda não criaram uma lei que obriga a sociedade a aceitar de coração, as crianças com deficiência. Tal aceitação fica por conta da consciência de cada cidadão, pois a lei o obriga a aceitar, não a amar, a dar o melhor de si ao novo cidadão que acaba de chegar.
Em relação à educação das pessoas com S.D., de acordo com o Projeto Roma, Voivodic cita que,
A educação das pessoas com Síndrome de Down, desde o seu principio, deve objetivar sua autonomia individual na idade adulta. Para isso não é necessário um modelo de educação específico para essas pessoas, e sim um modelo educativo que respeite a diversidade cognitiva e cultural. é fundamental que os indivíduos integrantes do contexto social e cultural em que cada pessoa vive conhecem, compreendam e respeite a diferença. (2008, p.72)
Ou seja, as pessoas com S.D. precisam que respeitem as suas habilidades, potencialidades e também de uma educação que desenvolva sua autonomia, para que eles mesmos possam resolver e decidir o que quer em sua vida, contudo se faz necessário que este respeito venha tanto da família a qual pertence quanto da sociedade.

8 ANÁLISE DOS RESULTADOS
De acordo com a pesquisa realizada por meio de observações e entrevistas semi-estruturadas e abertas, no período de Julho a Setembro do ano de 2008, pode-se perceber que a sociedade de um modo geral ainda se contradiz muito no que diz respeito à Inclusão.
Uma parte considerável da sociedade, e esta engloba a comunidade escolar e as famílias das pessoas com S.D., acredita que estão preparados, mesmo que teoricamente, para receber e lidar as pessoas com Down.
Contudo, ainda há uma pequena parcela da população que desconhece quase que totalmente sobre a SD, assim como também são alheios à existência das pessoas com esta síndrome, se quer conhecem as características físicas da Síndrome de Down.
Há uma grande contradição também entre diretores e professores, no que diz respeito ao preparo destes para atender os alunos com S.D., as escolas ainda não possuem estruturas físicas adaptadas conforme o exigido por lei; e quando tem, ou esta fora do padrão, ou está feito pela metade.
A inclusão escolar das pessoas com Síndrome de Down, é na realidade uma exclusão, visto que em muitos estabelecimentos de ensino as matriculas destes só foram aceitas, porque hoje é obrigatório, e alguns diretores deixam bem claro esta posição.
Estes alunos não têm um potencial de aprendizagem normal, igual ao das pessoas sem deficiências, no entanto falta uma intervenção adequada, mais conhecimentos por parte dos professores, muitos deles durante a entrevista, diz ter muito conhecimento a respeito da S.D., no entanto pode-se perceber que este conhecimento que trazem é muito superficial e limitado.
No que diz respeito à socialização e interação destes alunos com o restante da comunidade escolar, percebeu-se que ainda está muito longe, para realmente considerar que a inserção destes, seja de fato uma inclusão, visto que os mesmo mantêm contato basicamente só com as pessoas de sua sala e pelo restante da comunidade escolar por muitas vezes são vistos como “coitadinhos” e “incapazes”,e outros têm medo deles.
Em alguns casos os alunos com S.D. estão incluídos em sua sala Especial, dentro do Ensino Regular Comum, pois o potencial de aprendizagem destes não condiz com o dos alunos que estão na série a qual eles deveriam também estar. É importante ressaltar que estes alunos da sala especial, só estão estudando nesta, por uma liminar concedida pelo Promotor de Justiça .
Ao final notou-se que muito se fala em Inclusão, e pouco, muito pouco se tem feito para que realmente ela aconteça. É importante ressaltar que não se trata de modismo, de mais uma nova tendência, é preciso que todos levem a sério.
Visto que, os que mais lutam pela inclusão são as pessoas que tem filhos, sobrinhos, primos, algum parente ou amigo muito próximo com deficiência e que conhecem a luta destes para conseguirem aos menos aprenderem a tomar banho sozinhos.

8.1 Análise do Estudo Realizado na Escola Municipal “Sonho de Criança”
8.1.1 Análise da entrevista com a direção escolar
De acordo com a direção da referida escola, para melhorar o atendimento à aluna com S.D., a mesma tem respeitado e acatado a lei vigente, na qual diz respeito das salas de aulas com um número de alunos reduzidos quando esta tiver alunos com deficiência, melhorando assim a participação e a socialização ao ingressarem no ensino comum.
A direção escolar afirma que o trabalho na unidade é feito em parceria com a família e que no processo de inclusão não poderia ser diferenciado, embora exista algumas limitações na qual a unidade está se esforçando para que sejam eliminadas.
E que para isso oferece aos professores recursos seja didáticos ou humanos, e, além disso, oferece também a sala de reforço onde o professor recebe toda a assessoria da equipe multidisciplinar.
Segundo a direção, a comunidade escolar não teve nenhum receio em aceitar a matrícula do aluno com S.D., pois a equipe de professores está apta para este atendimento, embora as adaptações materiais para inclusão tenham acontecido de modo lento, mas dentro dos limites da escola, e a mesma está procurando sanar as dificuldades para melhorar a comodidade do aluno.
E que a inclusão da aluna com SD na unidade escolar fez com que a comunidade se informasse mais, e esta sempre oportuniza momentos que leva o aluno e a família com segurança para um desenvolvimento das atividades propostas.

8.1.2 Análise da entrevista com a professora regente da sala ensino comum
De acordo com a professora regente, da sala do 2º ano, a mesma acreditava estar preparada para assumir uma sala de aula, na qual tivesse uma aluna com SD, porém ela diz que é muito difícil, pois além de faltar conhecimentos, falta ainda apoio pedagógico para auxiliar nas dificuldades que ela encontra.
Segundo ela, Giovanna - a aluna com S.D - apresenta dificuldades para assimilar os conteúdos, e a aprendizagem da mesma é muito lenta, e que num dia assimila o som da letra e no outro já não se lembra mais. E a mesma é avaliada através dos avanços que alcança, e que só a promoverá para a série seguinte quando estiver apta.
O trabalho de desenvolvimento da aluna é feito em sala usando o quadro negro onde é passado todo o conteúdo em letra de forma para a aluna inclusa e para os demais alunos o conteúdo é passado em letra cursiva, a professora acredita que assim seja mais fácil para a aluna e que isso não a deixará se sentir incapaz e poderá fazer registros no caderno.
Em relação à orientação / educação sexual a professora não trabalha com a referida aluna até por que segundo a professora, os alunos possuem uma faixa etária bem abaixo desta aluna, porém conversa em particular sempre que há necessidade, visto que a aluna tem contato com toda a escola.
No que diz respeito à inclusão dos alunos com deficiência, mais precisamente o aluno com S.D., a mesma acredita que seja um avanço na reestruturação do sistema de ensino e também na forma de pensar dos outros pais e da sociedade em geral, haja vista que o Down é capaz de aprender é preciso apenas proporcionar maiôs para que isso aconteça.
Para ela a inclusão na rede de ensino comum é justa, necessária e tardia, visto que é possível levar a aprendizagem a todos os cidadãos. E a escola enquanto formadora de opiniões pode e deve contribuir para que a inclusão também possa acontecer em toda sociedade, visando levar o respeito a solidariedade, oportunidades e capacitação.
A professora acredita que para promover a educação dos alunos inclusos de forma a prepará-los efetivamente para a integração social ou até mesmo para o mercado de trabalho é preciso primeiramente proporcionar o direito à aprendizagem e não apenas freqüentar as aulas para que assim possam estar preparados para exercer a função que desejar.
Visto que a Proposta Política Pedagógica (P.P.P) da escola contempla o processo de inclusão visando oferecer o ensino a todos, de acordo com a lei, educação para todos. E os alunos já estão cientes, pois não fazem nenhuma discriminação para com a aluna inclusa, pelo contrário a tratam com a maior naturalidade, brincam juntos, possuem uma boa interação e socialização.
Porém, segundo a professora, a maior dificuldade encontrada na Educação Inclusiva é a resistência do professor em achar que está preparado para atender os alunos inclusos, e estes necessitam de um atendimento diferenciado, e o professor acaba sentindo-se frustrado por não atingir os objetivos propostos.
Quanto à aquisição significativa dos conteúdos, Giovanna é muito lenta, porém, a lentidão mais visível na leitura, em reconhecer uma letra, em fazer leitura de figura, já em matemática à dificuldade de fazer relações entre o número e o numeral é maior, enquanto que não apresenta uma abstração.
A professora não tem ainda um prognóstico da aluna, mas diz que a adaptação da mesma na sala de aula foi boa, e que ela é assídua, só falta durante o ciclo menstrual, pois nesses dias a mãe não a manda para a escola, ela é querida por todos, e se sente à vontade na escola. A mesma entende e compreende as regras, cobra os seus direitos e cumpre com seus deveres, é tratada como uma aluna normal, sem fazer restrições às outras crianças, ela é meiga carinhos, amável, asseada e uma boa ajudante da professora.
Segundo a professora, Giovanna ainda não sabe ler nem escrever convencionalmente, ela reconhece quase as letras do alfabeto, fazendo correspondência do som inicial dos nomes de pessoas próximas a ela, como os familiares, coleginhas das salas, os professores e alguns objetos ou seres em geral.
A referida aluna apenas copia os conteúdos da lousa sem atribuir significados, fazendo apenas mecanicamente, e ela gosta muito de desenhar e colorir e o faz com capricho e zelo.

8.1.3 Análise da entrevista com a professora de educação física
Segundo a professora de Educação Física, antes de realizar as atividades por ela proposta, primeiramente ela faz uma entrevista com os pais para conhecer melhor seus alunos, para que estes tenham um bom desempenho ao realizarem as atividades.
As atividades que Giovanna mais gosta de fazer são as de agilidade, lateralidade e as de coordenação motora. Só às vezes obedece as ordens que lhe é dada, e quando participa de atividades que possuem regras apresenta dificuldades em cumpri-las.
A professora diz que durante as atividades, a aluna sempre espera chegar a sua vez para executá-las, porém em praticamente todas as atividades ela quer liderar.
No decorrer das aulas a postura dos outros alunos em relação a Giovanna, é amigável, assim como dos alunos das outras salas, ou seja, todos a trata normalmente e sem nenhum tipo de discriminação.

8.2 Análise do Estudo Realizado na Escola Estadual Mundo Encantado
8.2.1 Análise da entrevista com a direção escolar
De acordo com a direção da E. E. Mundo Encantando, a mesma para melhorar o atendimento ao aluno com S.D. tem dado orientações e suporte aos professore, além de materiais didáticos, oferece ainda estudos para melhorar este atendimento.
No que diz respeito à participação da família no processo de inclusão, a direção diz que aquela não é participativa como deveria e que, além disso, é super protetora dificultando assim um pouco o trabalho.
E que as para a família dos outros alunos, eles estão fazendo uma conscientização e esclarecimentos sobre o aluno com Down, visto que todos têm muito a aprender tanto no conhecimento como nas relações sociais.
Segundo a direção, a escola oferece aos professores materiais didáticos, um orientador e cursos, a mesma conta uma equipe multidisciplinar e também com o apoio da NUESP que ofereceu uma sala de recursos, porém o Fernando não a freqüenta.
A escola não teve receio em aceitar a matricula de aluno com S.D., pois já está acostumada a trabalhar com alunos com vários tipos de necessidades e que procura atender na individualidade de cada aluno.
Após a inclusão Fernando, a comunidade escolar buscou mais informações sobre a síndrome, pois acreditam que tem algo mais a aprender e os estudos feitos recente têm trazido muita contribuição para o trabalho deles.

8.2.2 Análise da entrevista com a professora regente da sala especial do ensino comum
A professora da sala especial da E.J.A. (Educação para Jovens e Adultos) primeira fase, no ensino comum, diz que se sente preparada para assumir uma sala de aula que tenha alunos com S.D..
Fernando possui conhecimentos que podem ser considerados de nível bom por ter síndrome (leve), e o trabalho feito para o desenvolvimento piscomotor do referido aluno é através de jogos e quebra-cabeça.
De acordo com a professora, a orientação / educação sexual do aluno Down é trabalhado como é trabalhado com qualquer aluno considerado normal.
E a mesma diz que acredita que a inclusão deste aluno no ensino comum seja um avanço na reestruturação do sistema de ensino. E que para ela enquanto professora da rede de Ensino Comum, a importância da Educação Inclusiva está na convivência com as diferenças.
Com a inclusão pode-se notar a receptividade dos colegas de sala para com o referido aluno, para a professora a maior dificuldade encontrada na Educação Inclusiva é a falta de material.
A professora relata que Fernando apresenta uma aquisição significativa dos conteúdos e o prognóstico do referido aluno em relação aos outros (DI) , é bom, quanto a adaptação deste aluno na sala de aula , ela não encontrou nenhuma dificuldade,
O aluno incluso ao ingressar em sua sala de aula já sabia ler e escrever parcialmente e que a mãe do mesmo o orientou muito no processo da aquisição da escrita e da leitura.

8.2.3 Análise da entrevista com o professor de educação física
De acordo com o professor de educação Física,o mesmo diz estar ciente de que antes de realizar as atividades propostas por ele, Fernando precisa de um acompanhamento médico com o cardiologista e ortopedista.
Das atividades dadas, as que o referido aluno mais gosta de fazer são: jogar futsal, jogos pré-desportivos do futsal e futsal adaptado.
Quanto a obedecer às ordens que lhe é dada as faz sem problema algum, e na execução das atividades que tem regras, as respeita na imensa maioria das vezes.
O referido aluno na hora de realizar as atividades que precisa esperar a vez dele chegar fica um pouco contrariado, pois gostaria de fazê-la logo. De acordo com o professor a postura dos outros alunos em relação Fernando é de maneira espontânea, os tratam da mesma forma que tratam os alunos sem deficiência.

8.3 Análise do Estudo Realizado na Escola Estadual Algodão Doce
8.3.1 Análise da entrevista com a direção
Segundo a direção da E. E. Mundo Feliz, para melhora o atendimento à aluna com S.D., ele têm seguido as instruções e normas da própria Secretaria de Educação, ou seja, estão sendo solidários, pacientes, esclarecedores e compreensivos dando o reforço necessário na sala de recursos.
E para obterem melhor resultado, pretendem definir a participação da família no processo de inclusão por meio de conversas com os pais, solicitando ajuda quando necessário, e esclarecendo as dúvidas dos mesmos quando for preciso.
Quanto ao suporte oferecido aos professores como orientador, cursos, materiais didáticos, e outros, a escola diz que o faz, através da Secretaria de Educação e há suporte ao aluno com uma equipe multidisciplinar, salas de recurso e reforço.
De acordo com a direção, a escola no ato da matricula da aluna A não teve receio nenhum em aceitá-la, pois a comunidade escolar já esta consciente que a inclusão é obrigatória.
E quanto a buscar mais informações sobre a síndrome, por terem uma aluna com SD a direção diz que, para funcionário que trabalha diretamente com esse tipo de aluno é passado informações completas, de como deve ser tratada cada criança, com tal problema, dispensando ao mesmo um tratamento normal, sem ela perceber que é diferente.

8.3.2 Análise da entrevista com a professora regente da sala do 5º ano
A professora regente da sala do 5º ano da E. E. Mundo Feliz, diz que não se sente preparada para assumir uma sala de aula que tenha alunos com S.D.. Até mesmo porque o Estado, ou seja, a Secretaria de Educação e o Ministério da Educação, não dão suporte suficiente para que a inclusão aconteça.
Como querem que ela aconteça, pois para acontecer de fato, teriam que investir na formação, na preparação desses professores para trabalhar com esses alunos. Segundo a mesma é ainda preciso ampliar as salas de aulas, diminuir o número de alunos por salas, pois isso muitas vezes acontece só no papel e não na prática.
De acordo com a professora o potencial de Sophia pode ser considerado razoável, levando em conta o grau de sua deficiência, ela já se desenvolveu bastante. A mesma é avaliada principalmente pelo desempenho nas atividades dadas referente aos conteúdos ministrados, e se percebesse que a aluna encontra dificuldades em prosseguir seus estudos ela não seria aprovada.
No que diz respeito ao desenvolvimento psicomotor da aluna a professora diz não ter trabalhado, pois a mesma foi muito bem trabalhada durante o tempo em que freqüentou a APAE (Associação de Pais e Amigos do Excepcional).
Em relação à orientação / educação sexual seja de um aluno com Down ou não, não deve ser trabalhada pela escola e sim pelos pais. A professora disse ainda que infelizmente estão delegando à escola muitas funções e muitas dessas deveriam ser dos pais. Dessa forma, a escola fica sobrecarregada com tantas atribuições que, o conhecimento científico que é de competência da escola fica em segundo plano.
Para a mesma a inclusão da forma que vem acontecendo não dá muito resultado, porém não considerado um retrocesso, pois a inserção dessas crianças na sociedade, como parte dela é necessário. Não se pode esconder tais crianças do mundo, do convívio da sociedade como se fossem aberrações da natureza, porque elas não são.
Ela considera importante a Educação Inclusiva, mas não da forma como acontece hoje, ao inserir o aluno com deficiência no Ensino Regular Comum, ao poucos passa-se a incutir nas criança ditas “normais”, é que é normal ser diferente, e aos poucos elas deixam de ver isto como algo anormal; vão mudando a cultura e, consequentemente diminuindo, mesmo que aos poucos, o preconceito em relação às pessoas com deficiência, isto é, a aceitação é muito maior e acontece de maneira mais natural.
Segundo a professora para promover a educação dos alunos com deficiência de forma a prepará-los para o mercado de trabalho é uma situação que teria de ser revista, reformulada. E o Estado deveria investir mais na preparação dos professores, estruturar melhor a escola para receber esses aluno e, ainda deveria ser oferecido aos mesmos cursos profissionalizantes para prepará-los e inserí-los no mercado de trabalho.
A professora ressalta que o P.P.P. da escola a qual presta serviços contempla o processo de inclusão; tanto é que os alunos são tão receptivos para com a aluna “A”, que muitas vezes, eles até se esquecem que ela tem limitações maiores que a dos outros alunos e, às vezes, cobram dela mais do que ela consegue fazer ou pode oferecer. Eles a tratam, na maioria das vezes de igual para igual.
E a maior dificuldade que ela encontra na Educação Inclusiva, é a falta de preparo dos professores que trabalham com as crianças com necessidades especiais, estruturação das salas de aulas, número alto de alunos e falta de mudanças na grade curricular.
Quanto à aquisição significativa dos conteúdos, Sophia apresenta uma certa aquisição, porém a mesma tem dificuldade em abstração e interpretação, no entanto o que for trabalhado no concreto que for papável, visível ela tem mais facilidade, mas o que envolve interpretação, necessidade em resumir concluir e elaborar a mesma apresenta dificuldades significativas..
O prognóstico da referida aluna não é dos mais favoráveis, visto que a mesma chegou a um nível que de agora em diante, encontrará mais dificuldades de avançar em seus estudos; a professora acredita que a aluna deveria ser inserida num curso profissionalizante, onde pudesse ser encaminhada ao mercado de trabalho.
A adaptação de Sophia foi ótima, socializou-se muito bem, foi muito bem aceita pelo outros alunos, é uma menina adorável, maravilhosa, educada, gentil e cativante, no entanto a professora lamenta, pois a referida aluna não está conseguindo avançar na questão da aprendizagem.
E a mesma ao ser inserida em sua sala já sabia ler e escrever, pois foi alfabetizada pela APAE juntamente com a E. E. “Mundo Feliz”, e hoje está no 5º ano lendo e escrevendo bem, possui letra legível e tem uma dicção boa.
8.3.3 análise da entrevista com o professor de educação física
De acordo com o professor de educação Física, este afirma ter total conhecimento de que Sophia por ter S.D., precisa de um acompanhamento médico (cardiologista e ortopedista), para que possa realizar as atividades propostas.
E as atividades que a referida aluna mais gosta de fazer são as de dinâmicas, cantigas e jogos simbólicos, ela gosta muito de bater corda para os noutros alunos pularem, participando assim de forma direta das atividades.
Durante as atividades Sophia obedece a todas as ordens, e o comportamento da mesma em relação às atividades com regras é de fácil aprendizagem.
A mesma também espera chegar a sua vez, para que possa executar as atividades, pede para sair quando não quer mais participar e sempre respeita os colegas.
Todos os outros alunos também têm um respeito muito grande para com ela, e de alguma forma eles a ajudam no desenvolvimento das atividades.

8.4 Análise do Estudo Realizado na Escola Estadual Pequeno Príncipe
8.4.1 Análise da entrevista com a direção escolar
A direção da E. E. Pequeno Príncipe diz que para melhorar o atendimento dos alunos com S.D. estão fazendo um trabalho de socialização com toda a comunidade escolar, estão passando informações sobre o que é a Síndrome de Down.
No processo da inclusão a participação da família está sendo definida e orientações visto que com a inclusão o avanço do educando pode ser bem mais significativo
Segundo a direção o suporte tanto para o professor como para os alunos é oferecido parcialmente, para os primeiros com cursos, materiais didáticos e outros, para o segundo é oferecido a sala de recursos.
A mesma diz ainda que, não tiveram receio em aceitar a matricula dos alunos com Down, até porque na referida escola tem uma sala especial para atender estes alunos.
Após a inserção dos mesmos a escola começou a buscar mais informações sobre a síndrome visto que para desenvolver o trabalho com os alunos com deficiência é preciso conhecer muito mais sobre o assunto.

8.4.2 Análise da entrevista com a professora regente da sala especial
A professora regente diz que se sente preparada para assumir uma sala de aula com alunos com Síndrome de Down, mesmo sabendo das dificuldades existentes diariamente.
O potencial dos alunos Carlos e Miguel é lento, porém apresentam formas de aprendizagem diferenciadas, e a avaliação dos mesmos ocorre de maneira oral, escrita, diagnóstica e diária e não os aprovaria caso não apresentassem condições para tal.
O trabalho de desenvolvimento psicomotor destes alunos envolve uma questão de paciência quanto ao seu avanço, no trabalho são utilizados recursos pedagógicos e o auxílio da família.
No que diz respeito a orientação / educação sexual destes alunos só é feita se apresentar necessidades.
De acordo com a professora, a mesma acredita na inclusão, porém o sistema tem que estar preparado, para que os docentes e discentes estejam integrados. Ela acredita que a Educação Inclusiva seja importante porque oportuniza todos a uma convivência, a uma troca de experiências, ao respeito e ao desenvolvimento social do aluno com necessidades especiais.
Segundo a professora, para que estes alunos estejam preparados tanto para a integração social como para o mercado de trabalho, há uma necessidade muito grande de primeiramente colocá-los como cidadãos que têm direitos e deveres. E nunca tratá-los como coitadinhos, e sim como pessoas e que podem desenvolver-se dentro de suas capacidades uma atividade na sociedade.
Quanto à receptividade dos outros alunos aos colegas de sala com SD, todos se aceitam muito bem, o relacionamento e a convivência é muito positiva, até mesmo em função do número reduzido de alunos.
Para a professora a maior dificuldade encontrada na Educação Inclusiva é a aceitação, mesmo assim o P.P.P. da escola contempla o processo da Inclusão.
Os alunos Carlos e Miguel apresentam uma aquisição significativa dos conteúdos, no entanto o tempo deles é que diverge em relação aos outros alunos. Em relação ao prognóstico dos mesmos ela diz que, acredita na evolução deles, desde que sejam respeitados em suas limitações e em seu tempo.
Os referidos alunos não tiveram problemas em relação à adaptação na sala de aula a qual estão, até porque estão em uma sala especial, dentro do ensino comum regular, e a sala foi aberta exclusivamente para eles.
Estes alunos quando começaram a freqüentar esta sala já apresentavam algum conhecimento, porém estava fragmentado, de acordo com a professora, a mesma observou que existe lacunas quanto ao conhecimento cognitivo, ou mesmo apresenta uma aprendizagem cujo conhecimento é mínimo.

8.4.3 Análise da entrevista com a professora de educação física
A professora de Educação Física diz ter conhecimento da necessidade de seus alunos com Síndrome de Down fazer um acompanhamento médico (com cardiologista e ortopedista), antes de realizarem as atividades por ela proposta.
As atividades que os alunos com Down mais gostam de fazer são os jogos pedagógicos e jogos sociais, e os mesmos obedecem às ordens que a professora lhes dá.
Quanto às atividades que possuem regras, eles até gostam, desde que as atividades os façam desenvolver a criatividade, assim não tem problemas, visto que, as que são repetitivas eles logo enjoam e para de executá-las.

8.5 Análise da Entrevista Realizada com a Mãe da Giovanna
De acordo com a mãe da Giovanna, a mesma deu à luz aos dezoito (18) anos de idade sendo esta sua filha mais velha e sua gravidez foi planejada.
Só soube que sua filha tinha S.D. após dois (2) meses de nascida, quando a levou a um pediatra em São Paulo (SP), pois a mesma estava muito gripada e durante a consulta o médico lhe disse que sua filha tinha Síndrome de Down.
A reação tanto da mãe quanto da família foi natura, segundo a mãe, não tiveram nenhum tipo de rejeição ou preconceito. E após saber o diagnóstico não pensou em ter outro filho para compensar o nascimento desta com S.D..
Em relação à estimulação de sua filha ela não realizou nenhuma atividade, quem fez foi a APAE, e hoje o que ela ajuda em relação ao desenvolvimento de sua filha é só na linguagem oral, forçando-a a falar corretamente.
A mãe acredita que quanto à aceitação da sociedade sua filha é bem tratada pelos demais membros da sociedade onde quer que ela vá. Sempre sai para passear, tem vários amigos, vai a lanchonete sai sempre com o pai.
No que diz respeito à orientação sexual da filha a mãe só a faz em relação à menstruação, quanto a namoro, sexo a mãe diz a menina que ainda é muito nova para pensar nisso.
A mãe diz que a Inclusão só fez bem para sua filha, e que a professora não a trata de maneira diferenciada.
Em relação à leitura a mãe diz que Giovanna gosta de livros de literatura infantil, principalmente os que ela traz da escola.

8.6 Análise da Entrevista da Mãe de Fernando
A mãe de Fernando deu a luz aos 32 anos, sendo o filho caçula, cuja gravidez não foi planejada. A mãe soube do diagnóstico do filho aos quatro (4) meses de gravidez, através do exame do líquido amniótico, suspeitava que teria um filho com deficiência pois tinha incompatibilidade sanguínea, e os médicos na época queriam que ela abortasse, visto que a criança nasceria com algum tipo de deficiência.
Quanto à reação da mãe, esta foi normal, pois já sabia o risco que correria o pai no começo não aceitava o filho com deficiência. Já a família paterna e materna, com exceção de duas irmãs, não aceita, e até hoje rejeita Fernando.
Mesmo sabendo que o filho teria S.D., a mãe o aceitou e não quis ter outro para compensar o nascimento deste, até porque já era a terceira (3ª) cesária que fazia.
Em relação à estimulação a mãe diz que teve orientação do neurologista que cuida do Fernando, no que diz respeito à fala, visto que esta era somente gestual, a estimulação motora, pois o mesmo demorou muito para sentar, não engatinhou, assim como também demorou a andar e falar.
Para a mãe de Fernando a sociedade não o aceita, e ela também percebe que seu filho não é tratado da mesma maneira que as outras crianças e adolescentes, visto que os vizinhos não deixam seus filhos brincarem com o seu, e ela sente a indiferença.
Sempre que a família sai o leva para passear, quando viajam, vai à casa de um colega de classe, ou vise-versa, ele vai, a vida social dele não tão rica, pois não tem amigos.
No que diz respeito à orientação sexual o irmão mais velho é quem ajuda sempre, o médico (neurologista) também orienta juntamente com o pai, e Fernando toma medicamentos para controlar a libido.
Segundo a mãe, a Inclusão não existe, pois para ela é uma luta para conseguir vaga nas escolas e muitas vezes os professores não têm tempo para Fernando, ela relata que procurou algumas escolas particulares da cidade em que mora, e nenhuma delas aceitou a matrícula de seu filho.
Quando questionada a respeito do tipo de leitura que seu filho gosta de fazer, ela diz que Fernando não gosta de ler, até porque não desenvolveu a leitura ainda, e que ele gosta muito de escrever, desenhar e pintar. Conhece as letras separadas, pois não sabe ainda fazer a junção, somente soletra as letras.

8.7 Análise da Entrevista com a Mãe de Carlos
A mãe de Carlos, o teve aos 26 anos de idade, e a gravidez foi planejada, a mesma só soube do diagnóstico após 15 dias do nascimento, quando o levou ao pediatra e este disse que a criança iria ter sérias complicações como: não andar, falar iria babar e outras coisas que uma mãe não gostaria de ouvir a respeito de seu filho.
No início ela não aceitou o diagnóstico, ela diz que aceitou o filho, mas o diagnóstico não, e que para a sua família tão difícil quanto para ela. O avô materno o tratava de forma natural, como aos outros netos, o que aos olhos da mãe implicava em recusa, preconceito, ela acredita que se o filho nasceu com S.D., ele teria que ser tratado de forma diferente, e ela não conseguia entender porquê que o avô o trava de forma.tão natural.
Somente mais tarde ela percebeu que o único que não teve receio, nem preconceito, foi o avô, e a partir do momento em que superou a fase do luto, a mãe foi em busca de informações e apoio para ajudar no desenvolvimento de seu filho.
Algum tempo depois resolver ter outro filho, não para compensar o nascimento de uma criança com S.D., mas para que este outro filho pudesse ajudar no desenvolvimento de Carlos, pois havia obtido informações que as crianças que nascem com esta síndrome aprendem muito imitando outras crianças.
Segundo a mãe a maior parte da estimulação que seu filho recebeu foi ela quem aplicou, iniciando este processo aos 23 dias de nascido, ela conta que buscou, com a ajuda de sua mãe, informações na APAE de Andradina SP, e hoje a escola reforça esta estimulação.
A mãe acredita que seu filho é bem aceito na sociedade e as pessoas o tratam muito bem. Ele tem uma vida social enriquecida, vai a conveniência, a padaria, e ao mercado sozinho. Viaja com o grupo de capoeira, sem a companhia dos pais, o que já é um avanço muito grande, segundo a mãe, também vai à escola sozinho e tem vários amigos.
Em relação à orientação sexual do filho é feita através de explicações, conversas, onde ela mostra o que pode ou não, conversa a respeito da masturbação, explica a ele que tem lugares que ele não pode fazer, e diz ao mesmo onde pode ser feito, fala sobre a questão de namoro, de beijos e hoje ele já tem um discernimento do que pode ou não ser feito ou falado.
No que diz respeito à inclusão a mãe acredita que tem muita coisa ainda para mudar, nem as pessoas e nem as escolas estão preparadas, ela percebe também que seu filho não é tratado da mesma maneira que é tratado os “ditos normais”, pois as pessoas com deficiência são tratadas de forma diferenciada, até porque elas têm suas limitações.
Segundo a mãe, Carlos ainda não lê, é copista, principalmente em letra caixa alta, enquanto na letra cursiva faz bem pouca coisa.

8.8 Análise da Entrevista com a Mãe de Sophia
A mãe de Sophia, a teve aos 42 anos de idade, sendo então a filha caçula, a gravidez foi planejada, de acordo com a mesma ela tomou anticoncepcional por muitos anos e depois parou, levou ainda mais de 10 anos para que pudesse engravidar.
Só soube do diagnóstico da filha, através de um sobrinho que sempre repara na criança, pois esta demorou a sentar, engatinhar, andar e falar, e um dia disse a ela que seria bom levar a criança ao médico, no entanto isso só aconteceu quando a menina já estava para completar 3 anos de vida, foi então que o médico pediu todos os exames e a encaminhou para a APAE.
Em relação à aceitação, não tiveram problemas, pois todos já estavam acostumados à criança antes de saberem o que realmente ela tinha, segundo a mãe não seria o diagnóstico que mudaria os sentimentos. E quanto a ter outro filho não desejou, visto que já se encontrava em idade um pouco avançada.
Quanto à estimulação precoce da Sophia, esta já começou um pouco tarde e só foi desenvolvida pela APAE, a filha começou a andar por volta dos 3 e meio e a falar ap partir dos 5 anos de idade.
Segundo a mãe, o tratamento da sociedade para com sua filha é um tanto ocioso, uns tratam bem, enquanto que outros tratam mal, contudo hoje a sociedade esta um pouco mais conscientizada em relação às pessoas com deficiência. Sophia vai à igreja, viaja com a mãe, vai a excursões com as pessoas da igreja.
Para fazer a orientação sexual da filha, a mãe conversa fala que não pode beijar, e sexo só quando se casar, e que tudo depende da vontade de Deus.
No que diz respeito à inclusão a mãe acredita que falta muita coisa para acontecer, e não acredita que um dia possa dar certo, visto que para conseguir obter algo para as pessoas com deficiência é preciso usar do beneficio das leis para garantir direitos.
De acordo com a mãe, Sophia gosta de ler a Bíblia, os hinários que cantam na igreja, e os livros da escola.

8.9 Análise da Entrevista Realizada com a Mãe de Miguel
Segundo o relato da mãe de Miguel, ela o teve aos 39 anos de idade, com uma gravidez não planejada. O parto foi cesária e o médico perguntou se a criança tinha pai “japonês”, ao ouvir a resposta negativa, ele simplesmente disse a ela que então só poderia ter S.D..
A mãe não sentiu rejeição pelo nascimento do filho Down, enquanto que a família paterna e o próprio pai não aceitaram. Ela não quis ter mais outros filhos, devido à idade, e também porque a gravidez já tinha sido de alto risco, resolveu então fazer laqueadura. A estimulação do filho foi ela quem fez, para que o mesmo pudesse andar, falar e brincar.
Em relação à aceitação da sociedade ela acredita que Miguel não é aceito, pois as pessoas ainda o discriminam por ter S.D., no entanto ela o leva a todos os lugares que vai, ele tem poucos amigos, e os poucos que tem são filhos das colegas de trabalho.
Ela relata que faz a orientação sexual dele explicando-lhe a respeito de namoros, beijos, pois o mesmo fantasia muito em relação a namoradas.
Na visão da mãe, a inclusão em relação à escola, não tem gerado grandes vantagens, já na sociedade seu filho é tratado de maneira diferenciada.
De acordo com a mãe, Miguel ainda não sabe ler, esta começando a reconhecer as vogais e algumas consoantes, faz leitura de mundo, e copia somente em letra caixa alta.
8.10 Análise das Observações Realizadas
Para melhor fundamentar o estudo realizado, se fez necessário umas algumas observações nas salas dos alunos, Giovanna, Fernando, Sophia, Carlos e Miguel, com o intuito de verificar o processo de desenvolvimento cognitivo.
No decorrer da observação pode-se notar que estes alunos têm o desenvolvimento cognitivo um tanto lento, apresentam dificuldades de concentração, a capacidade de abstração é bastante comprometida também.
Ao copiarem o conteúdo da lousa levam bastante tempo para finalizar a tarefa, 20% dos alunos sabem ler, enquanto que os 80% restante são copistas e fazem leitura de mundo, reconhecem algumas letras, mas não sabem fazer a junção destas, tão poucos conseguem fazer interpretação de texto.
Em relação à matemática, Fernando, compreende um pouco mais, pois sua mãe tem trabalhado muito com ele em casa, para realizar as duas operações (subtração e adição) usa os dedos. Enquanto que a aluna Sophia só consegue realizar cálculos com o uso da calculadora, já Giovanna precisa da ajuda da professora, Carlos e Miguel usam os lápis para fazer as contas, tanto de subtração, como de adição.
Um fato interessante observado nos cinco alunos, é que todos têm muito mais dificuldades em multiplicação e divisão do que na adição e subtração. Contudo todos eles precisam que as professoras os orientem, isto é, que interprete as contas para eles.
No decorrer das aulas os alunos com S.D. costumam prestar muita atenção tanto nas brincadeiras, como nas provocações que os colegas de sala fazem por qualquer motivo se dispersam, não tem postura correta ao sentarem-se à carteira.
Em relação à agressividade, 20% deles ao serem provocados ficam nervosos e revidam, seja verbal ou fisicamente, e os que se encaixam dentro dos 80%, não agridem fisicamente às vezes verbalmente e podem ser considerados calmos.
As professoras dos respectivos alunos estão sempre buscando alternativas para melhorar com o desenvolvimento cognitivo de cada um deles, seja na sala de aula, ou na sala de informática.
Durante as observações pode-se notar que estes alunos gostam muito de receber elogios, de serem o centro das atenções, contudo não gostam quando são chamados a atenção em público, e a convivência com eles é muito fácil, visto que são carinhosos, sinceros e gentis, pois quando gostam é de verdade e quando não sentem afinidade por alguém, não adianta forçar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com esta pesquisa pode-se constatar que tanto a sociedade, como as escolas ainda não estão totalmente preparadas para acolher e aceitar as pessoas com Síndrome de Down, assim também como outras deficiências, e são poucas as pessoas que fazem algo para amenizar essa situação, ou mesmo ao menos conhecê-las profundamente.
Pode-se notar também que as pessoas com S.D. na maioria das vezes convivem mais com aquelas que fazem parte de seu ciclo familiar, possuem poucos amigos, os colegas de escola é em número muito restrito e vivem praticamente isolados.
No que diz respeito ao âmbito escolar, notou-se que estas pessoas estão incluídas, mas os profissionais que são responsáveis pela a educação delas não estão preparados para atendê-las adequadamente conforme suas necessidades.
Alguns diretores quando questionados se tiveram receio em aceitar as matrículas dos alunos Down, 28,5% deles disseram que não, pois a lei os obrigavam a matriculá-los, ou seja, só o fizeram porque são obrigados, e não porque se preocupam com o futuro delas, com o tipo de educação que receberão.
Outro fator importantíssimo detectado no decorrer desta pesquisa, foi a contradição entre professores e diretores, onde o primeiro afirma que oferece todo suporte e apoio aos professores para trabalhar com os alunos com S.D. enquanto o segundo afirma que o grande empecilho encontrado para trabalhar com os mesmos é a falta de apoio e suporte.
Quanto aos professores de Educação Física quando indagados à respeito dos exames médicos (cardiologista e ortopedista), se tinham conhecimento da necessidade destes para os alunos com Down pudessem fazer as atividades todos eles disseram ter, porém nenhum deles citaram se os pediu ou não.
No entanto o que pode-se perceber claramente é que se faz necessário mostrar que as pessoas com S.D. têm capacidade de evoluir, basta que acreditem em seu potencial, que os estimulem, que faça do ambiente onde estão inseridos um grande aliado, e que não o exclua dentro da própria escola inclusiva, visto que falar que incluiu um aluno é fácil, difícil é tratá-lo da mesma forma que trata os demais.
Isto é, inclusão não meramente ocupar em espaço em sala de aula, mas possibilitar que esse aluno tenha estimulação em seu convívio e aprendizado através das atividades compatíveis com as de seus colegas de sala ditos “normais”.

REFERÊNCIAS
ALVES, Fátima. Para Entender a Síndrome de Down. Ed. Wark editora. Rio de Janeiro, 2007.
BIBAS, Josiane Mayr. VALENTE, Maria Izabel. A escola do meu filho entende sobre a Síndrome de Down? http://www.reviverdown.or.br/pagina _aprendiz_escolas.htm. Acesso em 23/08/08, às 19h, 32 min.
BLASCOVI-ASSIS, Silvana. Lazer e Deficiência Mental. O papel da família e da escola em uma proposta de educação pelo e para o lazer. Ed. Papirus, 1997. Campinas, SP.
MILANI, Denise. Down, Síndrome de, Como – Onde – Quando – Porque. 3ª. ed. Editora Livro Pronto, 2004
PAULON, Simne Mainier. FREITAS, Lia Beatriz de Lucca. & PINHO, Gerson Smiech. Educação Inclusiva, Documento Subsidiário à Política de Inclusão. Ministério da Educação – Secretaria de Educação. Brasília, 2007.
PIANTINO, L Danezy. TUNES, Elizabeth. Cadê a Síndrome de DOWN que estava aqui: o gato comeu...: Programa da Lurdinha. Ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2001.
SCHWARTZMAN, José Salomão. Grande DOWN. Disponível em http://www.Schwartzman.com.br. Acesso em 15 de junho de 2006, às 14h, 45 min.
SIEGFRIED, M. Pueschel organizador; tradução Lucia Helena Reily. Síndrome de Down. Guia para pais e educadores Campinas - SP. Ed. Papirus, 1993. – (Série Educação Especial)
SILVA, Fabiany de Cássia Tavares. EDUCAÇÃO ESPECIAL EM DEBATE, Caderno Informativo. Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Secretaria de Estado de Educação, 2006.
SILVA, Rita de Fátima da. JÚNIOR, Luiz Seabra. & ARAÚJO, Paulo Ferreira de.Educação Física Adaptada no Brasil. Da História à Inclusão Educacional. Ed. Phorte, Bela Vista, SP, 2008.
VOIVODIC, Maria Antonieta M. A. Inclusão Escolar de Crianças com Síndrome de Down. 5ª. ed. Editora Vozes, 2008.
Werneck, Claudia. Muito Prazer eu Existo. 4ª ed. WVA, rio de Janeiro, 1995.

ANEXOS

ENTREVISTA DIREÇÃO
1- O que a Escola tem feito para melhorar o atendimento ao aluno com Síndrome de Down.
2- Como a escola pretende definir a participação da família no processo da inclusão?
3- A escola oferece suporte tanto para o professor (com orientador, cursos, materiais didáticos, e outros.) como para o aluno (com equipe multidisciplinar, sala de recurso, reforço)?
4- No ato da matricula do aluno com Síndrome de Down, a escola teve medo em aceitá-lo?
5- Por ter um aluno com Síndrome de Down na sua Escola, a comunidade escolar buscou mais informações sobre a Síndrome?

ENTREVISTA PROFESSOR
1- Você enquanto professor se sente preparado para assumir uma sala de aula que tenha alunos com Síndrome de Down?
2- De acordo com o seu conhecimento, qual a potencial de seu aluno? E qual o critério usado para avaliá-lo? Conhecendo o potencial de seu aluno, sabendo que ele não teria condições de avançar para a série seguinte, você o aprovaria mesmo assim?
3- Como é trabalhado o desenvolvimento psicomotor da criança com Síndrome de Down.
4- Como é trabalhada a orientação / educação sexual do aluno com Síndrome de Down?
5- Você acredita que a inclusão deste aluno nas salas do ensino comum, seja um avanço na reestruturação do sistema de ensino ou um retrocesso?
6- Para você enquanto professor da rede de Ensino Regular Comum, qual a importância da Educação Inclusiva?
7- Como promover a educação desses alunos de forma a prepará-los efetivamente para a integração social e até mesmo para o mercado de trabalho?
8- O P.P.P. da escola contempla o processo de inclusão?
9- Os outros alunos são receptivos em relação ao colega de sala com Síndrome de Down?
10- Qual a maior dificuldade encontrada na Educação Inclusiva?
11- O aluno com Síndrome de Down apresenta uma aquisição significativa dos conteúdos?
12- Qual é o prognóstico do referido aluno?
13- Como foi a adaptação deste aluno na sua sala de aula?
14- Ao freqüentar a sua sala o aluno Down já sabia ler e escrever?

ENTREVISTA PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA
1- Quanto às aulas de Educação Física, você tem conhecimento de que seu aluno por ter Síndrome de Down, precisa antes de um acompanhamento médico (como cardiologista e ortopedista), para realizar as atividades propostas?
2- Quais as atividades que seu aluno mais gosta de fazer?
3- Ele obedece às ordens que você lhe dá? E qual o comportamento dele ao participar das atividades que tem regras?
4- Durante as atividades ele espera chegar a vez dele?
5- No decorrer das aulas qual a postura dos outros alunos em relação ao aluno com Síndrome de Down?

ENTREVISTA COM OS PAIS
1- Qual seu nome completo? E com quantos anos teve seu filho?
2- Sua gravidez foi planejada?
3- Quando e como vocês souberam que seu filho tinha Síndrome de Down?
4- Qual foi sua reação e de sua família?
5- Após saber que seu filho tinha Síndrome de Down você resolver ter outro filho pra compensar
6- Quanto à estimulação, você estimula seu filho, ou este trabalho é feito somente pela equipe multidisciplinar e ou professor?
7- Quanto à aceitação da sociedade, como seu filho é visto e tratado pelos demais membros da sociedade?
8- Você e sua família levam seu filho para passear. Você considera que a vida social dele pode ser considerada “pobre” em termos de programações e amizades?
9- Quanto à orientação sexual de seu filho, como é feita?
10- Como você vê a inclusão? Você acredita que seu filho é tratado da mesma maneira que as outras crianças?
11- Seu filho costuma fazer algum tipo de leitura? Qual?

Comentários

  1. Parabéns muito massa sua monografia. Também foi o tema que escolhi para o meu artigo.

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